terça-feira, 30 de agosto de 2011

IV SEMINÁRIO DE FORMAÇÃO


FÓRUM REGIONAL DE DEFESA DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - REGIÃO SÉ

IV SEMINÁRIO DE FORMAÇÃO

A POLÍTICA NACIONAL E O PLANO DECENAL DOS DIREITOS HUMANOS DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES E A CONFERÊNCIA DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE


Palestrantes:
Representante do CMDCA
Givanildo Manoel (Educador, militante do Tribunal Popular)


16/09/11 (sexta-feira)
9h às 12h
Local: SEFRAS. Rua Riachuelo, 268 – Centro – São Paulo/SP.
(próximo ao metrô Sé)
Confirmar presença enviando email para frddca.se@gmail.com
Haverá entrega de certificado de participação

www.forumregionaldcase.blogspot.com

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Reunião Ordinária do FRDDCA-SÉ

Reunião Ordinária do FRDDCA-SÉ

Dia 09 Setembro de 2011 (SEXTA-FEIRA)
HORÁRIO: 9 HORAS

Local: Rua Apeninos, 155 (em frente a creche Pe. Mariano) Metrô Vergueiro.

Comissão Executiva do FRDDCA-SÉ

domingo, 28 de agosto de 2011

Em debate: Toque de recolher

Kenarik Boujikian: Toque de recolher, juventude ou gado?

por Kenarik Boujikian Felippe

Projeto de lei apresentado em agosto de 2011, na Assembléia Legislativa do Estado de São Paulo, quer tratar os adolescentes como gado, que se leva ao pasto e depois recolhe, mas com jovem, tem que ser diferente.

O projeto de lei, que fere todos os princípios que norteiam as normas vigentes, estabelece que será vedado aos menores de 18 anos desacompanhados de mãe, pai ou responsável, no período das 23h30 (vinte e três horas e trinta minutos) às 5h (cinco horas): transitar ou permanecer nas ruas; entrar ou permanecer em: restaurantes, bares, padarias, lanchonetes, cafés ou afins; boates, danceterias ou afins; lan houses, casas de fliperama ou afins; locais de freqüência coletiva.

Prevê a criação de equipes, que compostas por policiais civis ou militares, além de conselheiros tutelares, farão ronda, com a finalidade protetiva de recolher os menores de 18 (dezoito) anos que estiverem em situação de risco, que estejam expostos a qualquer tipo de: ilicitude; comportamento impróprio para sua faixa etária; insalubridade; situação degradante. Exemplifica situações de risco como as que envolvem as seguintes práticas: consumo de bebida alcoólica, cigarro ou qualquer outra droga, por menor de 18 (dezoito) anos; prostituição; audição de som em alto volume, propagado por veículos particulares ou estabelecimentos comerciais; condução de veículo automotor, por menores de 18 anos.

Em algumas cidades, de diversos estados, já existe lei municipal (inconstitucional), que têm a mesma formatação.

O tratamento que se pretende dar à juventude é a mesmo dispensado àqueles que cometeram crimes e foram condenados.

O direito fundamental de ir e vir está previsto na constituição federal e o estatuto jurídico do preso é exceção à regra, nos termos da própria constituição.

Assim, a Lei de Execução Penal prevê que podem ser impostas ao condenado no livramento condicional, como condição, recolher-se à habitação em hora fixada (artigo 132, parágrafo 2º); para o condenado que cumprirá a pena em regime aberto o juiz estabelece a condição de sair para o trabalho e retornar nos horários fixados (artigo 115, II); nas saídas temporárias, o juiz fixa a condição de recolhimento à residência visitada, no período noturno (artigo 124, II).

A limitação espacial, num estado democrático, é medida da maior gravidade.

A regra é o gozo do direito fundamental de ir e vir. Exceção constitucional ao direito de locomoção é a vigência do estado de sítio, quando será possível determinar a obrigação de permanência em localidade estabelecida, lembrando que esta medida exige a intervenção do Presidente, Conselho da República e Congresso Nacional, dada às suas conseqüências nefastas. Só pode ser decretada em razão da ineficiência do estado de defesa, comoção grave ou declaração de estado de guerra, e, ainda, deve ser por tempo determinado.

Nas cidades onde existe o “toque de recolher”, os jovens foram alçados à condição de condenados ou inimigos do estado.

Tratar a juventude, pela circunstância de serem crianças ou adolescentes, como condenados, é desrespeitar a natureza de humano das pessoas e não ver as crianças e os adolescentes como sujeitos de direito.

Alguns Tribunais já enfrentaram a matéria e foi declarada a inconstitucionalidade da norma municipal. Neste sentido, a decisão do Órgão Especial do Tribunal de Justiça de Santa Catarina, de junho de 2011, na ADIN 2010.014498-7, referente à lei municipal de Tubarão, relatada pelo desembargador Lédio Rosa de Andrade, que traz lição de Rosinei Paes Anselmo:

Em pleno século XXI, deparamo-nos com práticas que remontam ao período medieval e ditatorial nas questões relacionadas ao direito da criança e do adolescente.

Questão que comprova essa situação é o toque de recolher – proibição de circulação de crianças e adolescentes nas ruas no período noturno, adotado em algumas cidades do país, por meio de lei municipal ou por portaria de juízes da infância e juventude.

A medida é um retrocesso que retoma o pensamento da idade média e do “período de chumbo”, segundo o qual os direitos e garantias individuais eram ignorados, notadamente no que diz respeito à criança e ao adolescente”.

O mesmo órgão já decidira, em março, em caráter liminar, a inconstitucionalidade da lei do “toque de proteger”, da cidade de Guaramirim, no processo 2010.060882-1, cujo relator foi o desembargador Eládio Torret Rocha, que apontou que “instituir toque de proteger (ou de recolher) tolhe o direito de ir, vir e ficar das crianças e dos adolescentes, implicando em negativa das suas qualidades de sujeitos de direito e, conseguintemente, em violação ao princípio da dignidade da pessoa humana. Ele afirma:

“A clausura tem o efeito de lhe prejudicar o sadio desenvolvimento, eis que o priva da convivência com seus pares, cujas experiências, boas ou más, revelam-se imprescindíveis para a sua plena formação humana como indivíduo adulto. O sacrifício da liberdade física não condiz, ademais, com um Estado Constitucional e Democrático de Direito, o qual assenta-se sobre o princípio da dignidade da pessoa humana e a supremacia dos direitos fundamentais. Muito ao contrário. Evidencia-se, nessa prática, instituto típico dos estados autoritários e policialescos, destinado à segregação dos estratos sociais pauperizados e, por isto mesmo, marginalizados, consubstanciando-se, pois, verdadeira limpeza social.

A salvaguarda de nossos jovens não perpassa o manietamento de seus direitos fundamentais, mas a atuação pontual e efetiva da família, da sociedade e do Estado – aqui compreendido em seus entes tripartites: União, Estados-membros e Municípios – em exigir e cumprir as suas atribuições, competências e responsabilidades sociais, econômicas e jurídicas em tema de infância e juventude”.

Não duvido que a medida tenha respaldo de parcela da sociedade, de pais que priorizam o mais cômodo, que abdicam das suas relações e responsabilidades, preferem não ver o irracional que nela esta contida, na medida que estas normas são originárias do perverso sentimento do medo, que segundo Lenine e Julieta Venegas:

“O medo é uma linha que separa o mundo

O medo é uma casa aonde ninguém vai

O medo é como um laço que se aperta em nós

O medo é uma força que não me deixa andar”.

Preocupante saber que o “toque de recolher” foi idealizado em algumas cidades, por portaria do Poder Judiciário.

Mas alguns tribunais já decidiram pelo afastamento destas portarias e o Conselho Nacional de Justiça, em decisão de março de 2010, no processo 0002351-58.2009.2.00.0000 (200910000023514), promovido pelo Ministério Público de Minas Gerais, relator Ministro Jorge Hélio Chaves de Oliveira, apontou que a portaria atenta contra qualquer sorte de razoabilidade, reduz o princípio da legalidade e extrapola os limites delineados pelo ECA e os excessos praticados pelo magistrado, usurpando, inclusive, competência privativa da União para legislar sobre direito civil, penal, comercial processual (artigo 22 da CF/88), as determinações de caráter geral estabelecidas pela Portaria ainda ofendem os artigos 5º, II; 227, §§3º e 4º e 229, todos da Carta Constitucional, além do artigo 149 do Estatuto da Criança e do Adolescente.

Não podemos deixar de enxergar os malefícios que causam para a construção de uma República, que tem por fundamento a dignidade da pessoa humana (art. 1º da CF), constituindo um de seus objetivos a promoção do bem estar de todos sem preconceito de idade e outras formas de discriminação (art. 3º, inciso IV da CF).

Se mantidas as normas e portarias estaremos a cercear o desenvolvimento natural de praticamente toda a infância e adolescência, dos jovens brasileiros, vitimizando-os, pois o estado colocará na conta da juventude, punindo-os, pela sua incapacidade de realizar políticas públicas de segurança, eficazes.

O que esperar de pessoas que não puderam ter um desenvolvimento sadio e seguro?

A medida está na lógica do estado policial. Suas raízes se fundam na relação de controle, que não está e nem pode estar ao alcance das relações humanas. A base para relações sadias deve ser a relação de confiança para que seja possível ter crianças e jovens efetivamente protegidas.

Interessante saber que encontramos no pensamento de muitos jovens, os fundamentos das decisões referidas. Colho como fonte, recente trabalho realizado na Escola Móbile, em São Paulo, por jovens do 9º ano, que não são atingidos por estas restrições, e que exercitaram a escrita de carta argumentativa sobre o tema. Destaco algumas passagens, que dizem mais do que qualquer coisa:

“Os adolescentes devem aprender a lidar com ela (liberdade) e com as responsabilidades que traz. Ao invés de criar uma lei que restrinja a liberdade dos adolescentes, seria infinitamente mais benéfico para a sociedade criar leis que ensinem o jovem a utilizar essa liberdade sem infringir a liberdade alheia. Além disso, é preciso constatar que se o adolescente não sabe ser livre, o futuro adulto também não saberá” (texto 2).

“A lei por Vossa Excelência implantada pode não ser a melhor maneira de evitar que os jovens se droguem, bebam ou deixem de estudar… Proibir os adolescentes de sair de casa após às 23h00 significa tirar deles …importante momento de socialização.

“Proibir os jovens de sair durante a noite não os impede de beber ou se drogar” (texto 3).

“Como somos todos obrigados a seguir os artigos da Constituição, creio que o toque pode ser considerado ilegal…para diminuir a quantidade de jovens envolvidos com drogas, prostituição e álcool, devem ser feitas campanhas para alertar os pais e estes não devem ser punidos pelos atos dos filhos.

Há sim aqueles que se envolvem com álcool, drogas e até mesmo prostituição, porém, há também os que não se utilizam destas drogas. É desvantagem para os segundos terem como punição o mesmo que os primeiros…o dever de cuidar dos adolescentes ser de seus próprios pais, e não do governo, sendo eles os responsáveis por dizer aos filhos quando devem voltar para dormir para não atrapalhar os estudos” ( texto 4).

“Todos estão em perigo quando se encontram nas ruas, problema esse de segurança pública, a qual deve ser urgentemente melhorada. Entretanto, apesar de a norma implantada objetivar a proteção do jovem, acaba intervindo em sua liberdade e agredindo o artigo 5º da Constituição….o jovem está pagando com sua liberdade pelos problemas de segurança. Além disso…penaliza a todos.

O governo não é responsável pelo controle do jovem, mas sim pela segurança oferecida a ele” (texto 5).

“Creio que o senhor saiba que não permitir a circulação dos jovens depois de certo horário desrespeita o artigo 5º da Constituição, que determina o “direito de ir e vir”.

Mas será que a lei está cumprindo totalmente seu objetivo ou está apenas sacrificando parte da liberdade dos jovens?….sabemos que o diálogo é algo muito importante durante a adolescência… O diálogo entre os jovens e os pais também é limitado pelo toque: as famílias acabam não discutindo sobre quais são as “partes boas” e as “partes ruins” de ficar sozinho à noite na rua, os males que as drogas podem fazer, entre outros assuntos… Entendo que sua intenção era proteger os jovens, por isso, sugiro que seja investido dinheiro em educação (para os adolescentes entenderem os males das drogas, por exemplo) e em rondas policiais noturnas… e dar mais segurança aos jovens que saem à noite sem más intenções” (texto 6).

“Tenho noção dos limites que existem para um Juiz… Essa (portaria) criada por Vossa Excelência é genérica, tendo efeito de lei, por atingir qualquer jovem de minha região. Como repito e o senhor sabe, não cabe a um Juiz criar uma lei, isso podendo ser considerado um crime contra as normas do país…O direito de ir e vir cabe tanto para adultos quanto para adolescentes” (texto 7).

“Esta lei pretende tirar a função educacional dos pais, alegando que estes não têm “controle” sobre seus filhos. Certo ou errado, é direito e obrigação dos pais avaliar o que é melhor para seus filhos e prepará-los para a vida.

Aliás, esta medida não é exatamente inovadora, pois a primeira via que os ditadores fazem… é decretar um toque de recolher… com a desculpa de estar “protegendo” o povo. Certamente sua intenção não é a mesma, mas o precedente é perigoso…esta regra precisa ser revogada. São necessárias outras medidas para “acolher” o povo” ( texto 10).

“A Constituição brasileira diz que é livre a locomoção no território nacional em tempos de paz. Nós estamos em tempos de paz, contudo a livre locomoção para os jovens foi restringida. Essa lei é, portanto, inconstitucional…argumento usado é que essa lei coloca horários para os adolescentes dormirem para que possam ter um bom rendimento escolar…não é certo que o jovem irá para a cama depois do toque…o horário de volta e o rendimento escolar é algo a ser discutido com os pais, não sendo necessária a intervenção do estado. Isso apenas enfraquece as relações familiares…o toque de recolher é uma medida que deve ser revogada. Deve-se pensar na liberdade do ser humano” (texto 11).

“Não são todos os adolescentes que se envolvem com delitos, drogas e brigas. Então, essa lei é injusta com os jovens que querem sair até tarde apenas para ir ao cinema, a restaurantes, shoppings, etc.

Também é uma questão de confiança entre pais e filhos: limitar brutalmente a liberdade dos adolescentes não é a solução para acabar com o envolvimento de menores de idade com drogas ou roubos. Os jovens devem aprender a serem responsáveis por conta própria, com suas próprias experiências, e não pela imposição dos pais ou do governo” (texto 12)

Não podemos seguir o caminho de criminalização da juventude. Sabemos quem serão os mais atingidos. Temos uma gigantesca normativa de proteção de direitos humanos, seja no âmbito internacional e nacional (especialmente a Constituição Federal e o Estatuto da Criança e Adolescente). Já não passou da hora do Estado cumprir as suas obrigações com suas crianças e adolescentes?

Liberdade é o componente necessário para que os seres humanos desfrutem da condição humana. Se queremos jovens que assumam a vida deste país não podemos deixar de vê-los, como são: sujeitos de direitos, dotados de todos os direitos e fundamentais e não objeto de intervenção do estado.

Não podemos esconder problemas, temos que resolvê-los.

Kenarik Boujikian Felippe, juíza de direito da 16ª Vara Criminal de SP, co-fundadora e ex-presidente da Associação Juízes para Democracia.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Um grito mudo - Frei Betto

19.08.11 - Mundo
Um grito mudo

Frei Betto
Escritor e assessor de movimentos sociais
Adital

A foto do jornal me causou horror. A criança somali lembrava um ET desnutrido. O corpo, ossinhos estufados sob a pele escura. A cabeça, enorme, desproporcional ao tronco minguado, se assemelhava ao globo terrestre. A boca –ah, a boca!– escancarada de fome emitia um grito mudo, amargura de quem não mereceu a vida como dom. Mereceu-a como dor.

Ao lado da foto, manchetes sobre a crise financeira do cassino global. Em dez dias, as bolsas de valores perderam US$ 4 trilhões. Estarrecedor! E nem um centavo para aplacar a fome da criança somali? Nem uma mísera gota de alívio para tamanho sofrimento?

Tive vergonha. Vergonha da Declaração Universal dos Direitos Humanos, que reza que todos nascemos iguais, sem propor que vivamos com menos desigualdades. Vergonha de não haver uma Declaração Universal dos Deveres Humanos. Vergonha das solenes palavras de nossas Constituições e discursos políticos e humanitários. Vergonha de tantas mentiras que permeiam nossas democracias governadas pela ditadura do dinheiro.

US$ 4 trilhões derretidos na roleta da especulação! O PIB atual do Brasil ultrapassa US$ 2,1 trilhões. Dois Brasil sugados pelos desacertos dos devotos do lucro e indiferentes à criança somali.

Neste mundo injusto, uma elite privilegiada dispõe de tanto dinheiro que se dá ao luxo de aplicar o supérfluo na gangorra financeira à espera de que o movimento seja sempre ascendente. Sonha em ver sua fortuna multiplicada numa proporção que nem Jesus foi capaz de fazê-lo com os pães e os peixes. Basta dizer que o PIB mundial é, hoje, de US$ 62 trilhões. E no cassino global se negociam papéis que somam US$ 600 trilhões!

Ora, a realidade fala mais alto que os sonhos e a necessidade que o supérfluo. Toda a fortuna investida na especulação explica a dor da criança somali. Arrancaram-lhe o pão da boca na esperança de que a alquimia da ciranda financeira o transformasse em ouro.

À criança faltou o mais básicos de todos os direitos: o pão nosso de cada dia. Aos donos do dinheiro, que viram suas ações despencarem na bolsa, nenhum prejuízo. Apenas certo desapontamento. Nenhum deles se vê obrigado a abrir mão de seus luxos.

Sabemos todos que a conta da recessão, de novo, será paga pelos pobres. São eles os condenados a sofrerem com a falta de postos de trabalho, de crédito, de serviços públicos de qualidade. Eles padecerão o desemprego, os cortes nos investimentos do governo, as medidas cirúrgicas propostas pelo FMI, o recuo das ajudas humanitárias.

A miséria nutre a inércia dos miseráveis. Antevejo, porém, o inconformismo da classe média que, nos EUA e na União Europeia, acalentava o sonho de enriquecer. A periferia de Londres entra em ebulição, as praças da Espanha e da Itália são ocupadas por protestos. Tantas poupanças a se volatilizarem como fumaça nas chaminés do cassino global!

Temo que a onda de protestos dê sinal verde ao neofascismo. Em nome da recuperação do sistema financeiro (dirão: "retomada do crescimento”), nossas democracias apelarão às forças políticas que prometem mais ouro aos ricos e sonhos, meros sonhos, aos pobres.

Nos EUA, a derrota de Obama na eleição de 2012 revigorará o preconceito aos negros e o fundamentalismo do "tea party” incrementará o belicismo, a guerra como fator de recuperação econômica. A direita racista e xenófoba assumirá os governos da União Europeia, disposta a conter a insatisfação e os protestos.

Enquanto isso, a criança somali terá sua dor sanada pela morte precoce. E a Somália se multiplicará pelas periferias das grandes metrópoles e dos países periféricos afetados em suas frágeis economias.

Ora, deixemos o pessimismo para dias melhores! É hora de reacender e organizar a esperança, construir outros mundos possíveis, substituir a globocolonização pela globalização da solidariedade. Sobretudo, transformar a indignação em ação efetiva por um mundo ecologicamente sustentável, politicamente democrático e economicamente justo.

[Frei Betto é escritor, autor, em parceria com Marcelo Barros, de "O amor fecunda o Universo – ecologia e espiritualidade” (Agir), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.
Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)].

Notícia:Conanda: “A violência não vai se acabar com a redução da maioridade penal”

16.08.11 - Brasil
Conanda: “A violência não vai se acabar com a redução da maioridade penal”

Jeane Freitas
Jornalista da Adital
Adital

A redução da maioridade penal voltou a ser pauta das discussões entre os deputados no Congresso Federal após apresentação da proposta de emenda constitucional de autoria do deputado federal de Sergipe, região do nordeste brasileiro, André Moura (PSC).

A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) nº. 57/2011 prevê que os adolescentes menores de 18 anos sejam responsáveis por seus atos, argumento que se contradiz com uma das legislações mais avançadas dos diretos infanto-juvenis, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O estatuto defende que os adolescentes sejam responsabilizados, levando em consideração, o caráter de ressocialização do atendimento socioeducativo.

O documento já está com 180 assinaturas, restando apenas 70 para que o mesmo seja apreciado no plenário do Congresso Federal. Dentre as inúmeras justificativas favoráveis à aprovação da lei pelo deputado André Moura, está o argumento de que os menores de 16 ou 17 anos têm a total condição de compreender o mal que praticam.

Contrário a essa determinação, o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) tem se manifestado a partir de notas públicas e se agregado às diversas entidades que atuam na defesa dos direitos infanto-juvenis. A Pastoral da Criança, por exemplo, lançou recentemente uma cartilha sobre os danos que a redução da maioridade poderá trazer para os adolescentes e à sociedade em geral.

Para Glícia Salmeron, conselheira do Conanda, "é necessário fazer um trabalho em conjunto com a sociedade e com a imprensa para que compreendam a importância do tema, e não apenas despertem a ira para punir os adolescentes, que são as maiores vítimas”.

Glícia complementa ainda, que, cada vez que um adolescente se envolve em algum ato infracional a discussão vem à tona, desrespeitando o Estatuto da Criança e do adolescente (ECA). "O Brasil promete o direito humano. Se a criança é prioridade absoluta, como fala o ECA, não faz nenhum sentido retroceder nessa discussão”, critica. "A violência não vai se acabar com a redução da maioridade penal”, completa.

O Conanda assegura que a proposta é inviável e confirma a existência de uma série de estudos psicológicos que apontam que os adolescentes sofrem diversas transformações psicossomáticas que repercutem na estrutura biológica e conduta social e que somente a partir dos 19 anos passam a compreender seu comportamento e atos.

Para a conselheira, algumas das alternativas mais indicadas para enfrentar a situação deveriam ser "o investimento maior do estado na educação de forma integral e trabalhar a proteção e integração do adolescente infrator antes da aplicação da pena”.

O impasse sobre a aprovação ou não da emenda está em discussão. Enquanto isso, ressalta Glícia, "a luta dos movimentos de defesa dos direitos infanto-juvenis não irá retroceder”.

Prova disso é que está em discussão um Plano Nacional de Política para Criança e Adolescente, que será tema da Conferência Nacional em julho de 2012.

Estatísticas da violência

Segundo o Índice de Homicídios na Adolescência (IHA), de cada mil jovens de 12 anos, dois serão assassinados antes dos 19. Representando 15% da população brasileira, os jovens são responsáveis por apenas cerca de 10% dos delitos cometidos, segundo a Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp).

O Instituto Latino-Americano das Nações Unidas para Prevenção e Tratamento do Delinquente (Ilanud) aponta que cerca de 10% do total de crimes são cometidos por jovens com menos de 18 anos, enquanto mais de 40% das vítimas de assassinatos são adolescentes. A mesma pesquisa mostra que 87% dos crimes cometidos por jovens são contra o patrimônio, como roubo e furto, e não contra a vida.

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&langref=PT&cod=59307

domingo, 21 de agosto de 2011

Notícia:Supermodelo mirim levanta discussão sobre exposição infantil

Para pesquisadora, fotos da modelo francesa de 10 anos de idade que posa como adulta representam "pedofilização da sociedade"

Camila de Lira, iG São Paulo | 19/08/2011 10:53


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Supermodelo mirim levanta discussão sobre exposição infantil Para pesquisadora, fotos da modelo francesa de 10 anos de idade que posa como adulta representam "pedofilização da sociedade"
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Supermodelo mirim levanta discussão sobre exposição infantil Para pesquisadora, fotos da modelo francesa de 10 anos de idade que posa como adulta representam "pedofilização da sociedade"
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Foto: Reprodução

Thylane Blondeau em ensaio recente: fotos foram consideradas sensuais demais para uma menina de 10 anos

Filha de uma modelo com um jogador de futebol, Thylane Blondeau está com tudo. Fez fotos sensuais num editorial da Vogue francesa assinado por Tom Ford. Sua página de fãs no Facebook chegou a reunir 5 mil pessoas. Ela está no caminho do sucesso para se tornar uma das modelos mais famosas do mundo. A única ressalva é que Thylane tem apenas 10 anos de idade.

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Se pensarmos no mundo da moda, Thylane não é tão mais nova que Gisele Bündchen no começo de sua carreira, aos 14. “Há algum tempo, as meninas começavam muito novas. Com 13 ou 14 anos já eram top models, viajavam pelo mundo. Hoje em dia, o mercado vem abolindo esta prática. No final das contas, são crianças para trabalhar”, diz Marcos Lacerda, que cuida das new faces – ou modelos novatas – da agência Ford Models.

Mas as fotos da pequena supermodelo feitas para a Vogue francesa em janeiro, exibidas novamente na TV norte-americana no início do mês, refletem algo muito além do trabalho infantil. “A expressão da sexualidade parece ser uma obrigação para as mulheres hoje em dia, e, consequentemente, é também para as meninas. A idealização de beleza e juventude afeta também as crianças, que não querem mais ser tão crianças assim”, comenta a professora de psicologia e pesquisadora do Grupo de Estudos de Educação e Relações de Gênero da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Jane Felipe de Souza.

“Crianças mais novas estão agindo e fazendo coisas de crianças mais velhas. Parece que o tempo está correndo cada vez mais rápido para elas”, diz a psicóloga norte-americana Diane Levin, autora do livro “A Infância Perdida” (Editora Gente). Isso é perigoso, afirma ela, pois crianças menores não têm tantos recursos lógicos para compreender situações típicas de outra faixa etária. Ou seja, uma menina de 14 anos pode entender o que significa ter um namorado, enquanto uma menina de oito dificilmente está preparada para lidar com isso.

“A juventude se tornou o principal valor da cultura ocidental, não necessariamente sexualização”, pondera a antropóloga Mirian Goldenberg.

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Foto: Reprodução

Thylane em foto do ensaio mais recente

“Pedofilização” da sociedade

Crescer com uma imagem idealizada de beleza e de sedução é o principal problema. “Meninas de cinco anos estão aprendendo a tratar a si mesmas como objetos. E começam a julgar as outras por esse mesmo parâmetro”, relata a autora norte-americana. Além do que representa para as crianças, este tipo de imagem mostra um pouco mais sobre a sociedade na qual elas vivem. “Quando se coloca o corpo infantil como corpo desejável, o que estamos querendo com isso? Nesse sentido, estamos nos tornando uma sociedade pedófila. Estamos construindo um olhar pedófilo em cima das crianças, principalmente das meninas”, diz Jane Felipe.

Na contramão do ocorrido no ensaio de Thylane Blondeau, tem-se também o uso de brinquedos e artigos do mundo infantil em ensaios eróticos, como lembra Jane. Co-autora de “A Infância Perdida”, Jean Kilbourne concorda com Jane. “Estamos criando um clima que normaliza a pedofilia e que coloca nossas crianças em perigo”, acredita. “As meninas querem se parecer com adultas e as adultas, cada vez mais, querem se parecer com meninas”, analisa Diane.

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Está nos olhos de quem?

Para Mirian Goldenberg, devido à grande importância conquistada pelo sexo nos dias de hoje, a sexualização pode estar nos olhos de quem vê. “A criança está exposta a todos os olhares, inclusive aos perigosos. Não é a foto em si que é sexualizada, nem a intenção da mãe ou do fotógrafo, mas o olhar do outro. O medo e a perversidade do outro”, afirma Mirian.

Mas segundo Lais Fontenelle, coordenadora de Educação do Projeto Criança e Consumo do Instituto Alana, o olhar pode ser perigoso. “A criança não está desenvolvida em todas as áreas, todos os comportamentos. Quando se expõe desse jeito, não está preparada para receber o retorno, receber este olhar”.

Foto: Reprodução/Vogue Ampliar

Thylane nas páginas da Vogue: editorial chocante voltou à tona com divulgação de novas fotos da modelo

Consumo tem tudo a ver

Outra face escondida nas fotos de Thylane – e no uso de qualquer criança como modelo de publicidade – é a exploração cada vez maior das crianças como mercado consumidor. “As mensagens de consumo não diferenciam a idade. Cada vez mais, o mundo adulto foi se misturando ao infantil”, comenta Laís Fontenelle.

“As crianças crescem com a ideia de se sentir bem porque compraram algo bom, e não porque fizeram algo bom”, compara Diane Levin. No entanto, Mirian Goldenberg alerta para o papel limitado da publicidade, que deve ser regulamentada pela sociedade. “A publicidade reflete o que é valorizado. Ela procura entender a cultura em que se vive”, comenta a antropóloga.

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E os pais?

Ao perceber que as fotos de Thylane tinham causado tanto impacto na rede, sua mãe, a modelo francesa Veronika Loubry, reagiu de maneira chocada. Fechou a página do Facebook dedicada à menina com o seguinte recado: “Thylane não sabe sobre nada disso [referindo-se à polêmica] e eu quero protegê-la. Ela é tão nova! Por isso, resolvemos fechar esta página”.

De acordo com as autoras de “Infância perdida”, Diane Levin e Jean Kilbourne, uma das principais maneiras de se proteger as crianças é manter o espaço aberto para a comunicação com elas. “Pais não deveriam comprar roupas sensuais para suas filhas e deveriam elogiá-las por qualidades que não somente as suas belezas”, diz Jean.

A força do exemplo também é indiscutível. “Eles podem escolher ser menos materialistas. E conversar com as crianças sobre as mensagens recebidas pela publicidade, pois elas entendem”, diz Lais Fontenele. “A partir do momento em que os pais deixam de colocar todos os valores da vida de seus filhos só na beleza e no exterior, e passam a colocá-los em uma série de compromissos internos e competências, já estão fazendo uma grande diferença”, finaliza Jane Felipe.

domingo, 14 de agosto de 2011

DENUNCIA ! - CARTA DOS ADOLESCENTES DA FEBEM/FUNDAÇÃO CASA, DENUNCIANDO A UNIDADE JATOBÁ -UI28



Transcrição da Carta dos adolescentes da FEBEM/FUNDAÇÃO CASA Unidade de Internação Jatobá -UI28, denunciando as torturas que sofrem na Unidade.

Em 13/08/2011, recebemos esta carta escrita pelos adolescentes da FEBEM UI28, denunciando as torturas que eles e seus familiares vem sofrendo e cobrando uma posição das autoridades em relação ao fato apresentado. Segue a carta transcrita:


“Nós adolescentes da casa Jatobá, UI 28 do complexo raposo tavares, pedimos para que a vossa exelência nos de atenção imediata, o motivo da solicitação é pelo fato de nós adolescentes nos encontrarmos sofrendo diversas opressões, e os ocorridos fazem gerar um transtorno terrivel não só fisicamente aos adolescentes como na mente de seus familiares.

Estamos em um ambiente a onde a opressão fisica e psicológica fazem parte de nossa dificil rotina, por esse fator alguns adolescentes com trauma psicológico não conseguem se quer dormir em paz, com medo de acordar sendo agredidos por quem deveria os reeducar. E a negligência médica também está sendo exercida pelos mesmos, diversos adolescentes se encontram com gripe e considerando que as doenças se agravam e atravéz disso jera febre, mediante a isto o descaso médico continua a ser praticado. ( A aguá gerada do banho faz com que isso se agrave deixando os mesmos em uma situação de risco).

Gostariamos também de deixar vocês cientes de que; de que vem se ocorrendo com frequência humilhações direcionadas aos nossos familiares, os mesmos ofendem nossos famíliares com palavras de baixos calões, e mesmo diante dessas situações nós adolescentes não queremos conflitos com o corpo funcional e com a direção da unidade, ao contrario nós desejamos que tenha solução para estes entre outros constrangimentos causados principalmente pela direção desta unidade de internação. As nossas necessidades de higienização e alimentação não estão sendo suplidas, o mau cheiro nos banheiros, dormitórios e no refeitório vem trazendo mau estar para o nosso convivel, as roupas vem a serem trocadas uma vez por semana, e os alimentos que além de virem estragados e com pedras e materiais recicláveis deixados pelos (a) cozinheiras (o) da (comvida) empresa que fornece a alimentação no complexo raposo tavares e na unidades da fundação casa ligadas a “ D.R.M 4”.

A senhora diretora cujo o nome é “tânia”; vem pressionando diretamente os adolescentes insinuando que vai colocar 90 homens da G.S.I (grupo de segurança intensiva) dentro da unidade, e o motivo mensionado pela mesma é de estarmos pedindo um tratamento digno para nós e aos nossos familiares.

Precisamos de alguém. Na direção da unidade que realmente queira nos reeducar não nos maltratar da forma hostil e opressora que vem acontecendo e tomando uma proporção maior, os ematomas nos nossos corpos são visiveis e a nossa expressão facial retrata os danos causados pelas diversas opressões sofridas,a mesma diretora diz ter ordens da doutora Berenice para a pratica de suas iniquidades mencionando até ser amiga da mesma e por isso ela justificou que nada seria feito para êczonerar-la do cargo, mas sabemos da legalidade de nossa constituição, e sabemos também que as providências devem serem tomadas, até porque somos seres humanos e não merecemos sermos tratados como animais em carcere privado sem uma atenção digna; sabemos oque ela faz fora da legalidade e queremos que vocês autoridades tomem providências, mediante os fatos.

A maioria das vezes os fatos que se ocorrem são no plantão noturno e principalmente com a presença da senhora diretora e da encarregada das tecnicas, psicológas e assistentes sociais considerando que; toda a equipe da direção são conivêntes e alguns são autores aos maus tratos praticados contra nós adolescentes que estamos traumatizados.

A senhora tania é quem disse que á disse/ que a doutora Berenice é a pessoa que ordenas essas ações ilicitas, a mesma ciênte de que essas atitudes são ilegais, diz que nada irá atingila. Nossos familiares estão cansados de serem enganados por que, quando apanhamos e falamos aos nossos familiares a mesma diz aos nossos familiares que estamos mentindo mas nossos familiares sabem que de fato tudo isso está se ocorrendo porque as marcas das torturas são visiveis.

Finalizamos esta humilde correspondência agradecendo as autoridades do forúm pela atenção importante que nos deram.

Aguardamos por uma atitude de vocês mediante todos esses fatos.

Obrigado!

Ass: adolescentes da UI 28

Complexo raposo tavares.

06/08/2011”



O FORUM REGIONAL DE DEFESA DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- SÉ, POSICIONA-SE A FAVOR DOS ADOLESCENTES E DAS FAMÍLIAS, DENUNCIANDO A FEBEM/FUNDAÇÃO CASA !

EM DEFESA DA JUVENTUDE!

Exigimos a responsabilização do estado, nas figuras da Presidente da FEBEM e do Governador de São Paulo!

Exigimos a responsabilização do Governo Federal pela sua conivência e Omissão!

PELO FIM DA FEBEM/Fundação Casa!


Divulgando: Seminário Criança e adolescente em situação de rua

FÓRUM ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - SP

Seminário Criança e adolescente em situação de rua

" Interface com o Sistema de Garantias de Direito"

O Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo- FEDDCA-SP, constituído na década de 80, com o objetivo de atuar na defesa dos direitos da criança e do adolescente, vem, a presença de todos, convidar para participar do Seminário “ Criança em situação de rua ou na rua” que será realizado no dia 18/08/2011, das 09:00h às 16hs, na Câmara Municipal de São Paulo no viaduto Jacareí, nº 100. O objetivo desse evento é mobilizar a sociedade na perspectiva de construir Diretrizes para implementação de políticas públicas para atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua, respeitando suas peculiaridades e atendendo o conjunto de necessidades. O evento conta à participação de todo o sistema de Garantia de Direitos humanos, Conselhos de Direitos e Tutelares, Defensoria, OAB, ONG´s, cidadãos, militantes, Secretarias Municipais e Estaduais, associações, Fóruns dca´s, legislativo, bem como toda população para essa luta esquecida pela nossa sociedade. Contamos com todos, só assim é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária. Vamos dialogar e construir!

Programação

09h00 – recepção e credenciamento

09h30 – mesa de abertura

10h00 – Reflexão sobre o tema e a omissão do Estado

10h40 – Roda de diálogo (Assistência, Educação e Saúde)

11h20 – Debate

12h00 – Resumo dos trabalhos

12h30 - Almoço

13h30 - Lei 12010/09 e política de atendimento à família (histórico e conjuntura atual) Regina Andrade.

14h10 - Debate

14h30 - II Roda de diálogo – Diretrizes e Estratégias da Política de Atendimento.

15h30 - Fechamento das propostas

16h00 – Encerramento.

Realização: FEDDCA/SP e parceiros

Notícia:Proteção à criança é frágil, dizem analistas

Fonte: Folha de São Paulo

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1408201120.htm





Proteção à criança é frágil, dizem analistas

Caso das meninas que praticam furtos na zona sul de SP escancara deficiências do sistema, aponta promotor

Uma das críticas elencadas é a falta de integração entre polícias, poder público e Conselho Tutelar


Danilo Verpa/Folhapress
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/images/c1408201101.jpg


Menina faz gesto obsceno a fotógrafo no 36º DP

JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO

O caso das meninas de 10 a 14 anos que têm praticado furtos frequentes na região da Vila Mariana (zona sul de São Paulo) escancara a fragilidade do sistema de proteção à criança e ao adolescente, segundo especialistas.
Na quinta-feira, sete das 15 meninas que atuam na região foram apreendidas novamente pela Polícia Militar após tentarem furtar duas mulheres.
O Conselho Tutelar conseguiu localizar quatro mães, que foram presas por abandono de incapaz. Anteontem, após pedido da Defensoria Pública, a Justiça mandou liberá-las. As meninas foram para abrigos.
O promotor Thales Cezar de Oliveira e o vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ariel de Castro Alves, afirmaram que o primeiro erro foi ter permitido que essas crianças ficassem nas ruas.
"Toda essa situação era possível de ser evitada se tivéssemos um programa com educadores fazendo abordagens na rua. Nenhuma criança pode ficar perambulando pelas ruas. Independentemente de estarem cometendo crimes, elas já deveriam ter sido atendidas", afirmou.
Oliveira ressaltou que é dever da Polícia Civil fazer a identificação de todas as pessoas que estiverem em situação de risco. Ele disse que tomou conhecimento do caso por meio do Conselho Tutelar, já que das outras vezes em que as meninas foram apreendidas não houve abertura de procedimento.
A falta de identificação impede que seja feito o trabalho principal com pessoas em situação de risco: o PAI (Programa de Ação Individual).
Outra falha apontada é a falta de integração entre as polícias, Conselho Tutelar e poder público.
"Precisa ter uma atuação integrada entre os órgãos para que um não fique jogando a responsabilidade para o outro. Esse histórico de fuga dessas meninas mostra a fragilidade do sistema, mesmo após 20 anos da existência do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente]", disse Alves.

OUTRO LADO
O delegado Márcio de Castro Nilson, do 36º DP (Paraíso), disse que não se manifestaria sobre as críticas.
"Cada um tem sua interpretação. A minha, de autoridade policial, é tão acadêmica quanto dos defensores públicos ou promotores."
Os conselheiros tutelares que atuaram no caso também informaram à Folha que não poderiam comentar o assunto. "Cada um tem que fazer o que lhe cabe. No caso da polícia, seria o de prender. O nosso, de garantir a proteção às crianças", disse a conselheira tutelar Kátia de Souza, que atua na região da Vila Mariana.

Colaborou AFONSO BENITES


http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/08/13/para-advogado-prisao-das-maes-de-meninas-que-fazem-arrastoes-em-sp-foi-abusiva-925128167.asp

Fonte: Jornal o globo

Polêmica

Para advogado, prisão das mães de meninas que fazem arrastões em SP foi abusiva

Publicada em 13/08/2011 às 13h31m

O Globo

Meninas que fazem arrastão foram levadas para delegacia - Reprodução TV Globo

SÃO PAULO - O advogado Ariel de Castro Alves, vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil, considerou abusiva a prisão das mães das crianças e adolescentes acusadas de fazer arrastões na Vila Mariana, em São Paulo. Para o advogado, faltou bom senso a polícia civil no caso. A Justiça mandou soltar as quatro mulheres presas.

LEIA TAMBÉM:Polícia manda prender quatro mães de meninas que fazem arrastões em SP

LEIA TAMBÉM:Justiça manda soltar mães de meninas que fazem arrastão em SP

- É criminalização da pobreza a autoridade policial presumir que as mães abandonaram intencionalmente seus filhos. Será que o delegado também prenderia os pais de adolescentes de classe alta que ficam a noite em bares e nas ruas consumindo bebidas alcoólicas, inclusive na Vila Mariana? - questiona o advogado.

As quatro mães haviam sido presas nesta quinta-feira por abandono de incapaz, por decisão do delegado Márcio de Castro Nilson. O pedido de soltura havia sido requerido pela Defensoria Pública de São Paulo. A juíza Maria Fernanda Belli, que assina a decisão, determinou, no entanto, duas medidas cautelares para as mulheres: elas não podem se ausentar de São Paulo e precisam comparecer, em até 7 dias, ao Conselho Tutelar de Cidade Tiradentes, bairro da Zona Leste de São Paulo em que moram as mulheres.

O advogado argumenta que se as meninas fugiram de abrigos, do Conselho Tutelar também podem ter fugido de casa.

- E nesse caso a jurisprudência dos Tribunais já define que havendo a fuga de menores, o crime de abandono de incapaz não se configura.

Para o advogado, prender as mães piora a situação, já que os demais filhos dessas mulheres é que ficaram abandonados. Uma delas tem outros cinco filhos.

- Devemos levar em conta que em muitas dessas famílias as mães sozinhas é que tentam sustentar seus filhos, sem apoio dos pais e muito menos do poder público. É inaceitável que a questão social seja tratada ainda como questão de polícia.

Segundo ele, não é possível se atribuir toda a culpa pela negligência e situação de risco das crianças e adolescentes unicamente a família delas.

- O Estatuto da Criança e do Adolescente é muito claro no que diz respeito a corresponsabilidade da família, do Estado e de toda a sociedade de proteger, promover e garantir os direitos da criança e do adolescente.



Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2011/08/13/para-advogado-prisao-das-maes-de-meninas-que-fazem-arrastoes-em-sp-foi-abusiva-925128167.asp#ixzz1UwYM1jrz
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Fonte: Folha de São Paulo

12/08/2011 - 20h16

Justiça de SP manda soltar mães das "meninas do arrastão"

JULIANNA GRANJEIA
DE SÃO PAULO

A juíza Maria Fernanda Belli, do Dipo (Departamento de Inquéritos Policiais), determinou na noite desta sexta-feira a soltura das quatro mães de meninas que faziam arrastões na região da Vila Mariana (zona sul de São Paulo).

http://f.i.uol.com.br/folha/multimidia/images/icn-foto-14x14.gifVeja mais imagens
Mães de "meninas do arrastão" são transferidas após prisão em SP
Polícia autua mães de 'meninas do arrastão' por abandono
PM apreende 'meninas do arrastão' mais uma vez em SP
Prefeitura diz ter conversado com pais de 3 'meninas do arrastão'
Falhas e omissões mantêm 'meninas do arrastão' na ativa em SP
Nove crianças suspeitas de furto são detidas na zona sul de SP

A Defensoria Pública havia pedido, na tarde de hoje, o relaxamento da prisão --com a liberdade provisória-- das mulheres por considerar que não existe responsabilidade penal objetiva. "Ou seja, as mães não poderiam responder no âmbito criminal por atos praticados por suas filhas. Além disso, a Defensoria argumenta que a acusação sequer se enquadra no tipo penal de 'abandono de incapaz' [artigo 133 do Código Penal]", informou o órgão, por meio de nota.

As mães foram presas na noite de quinta-feira (11) após serem localizadas pelo Conselho Tutelar para buscarem as sete meninas apreendidas ontem pela Polícia Militar.

Após deixarem o 36ºDP (Paraíso) na manhã de hoje, elas foram encaminhadas para o 97ºDP (Americanópolis). A juíza determinou, ainda, duas medidas: não deixar a cidade e o comparecimento obrigatório das mães, em até sete dias, ao Conselho Tutelar da Cidade Tiradentes.

O delegado havia estipulado fiança de R$ 182 para cada uma --o valor mínimo permitido pela legislação (dois terçcos de um salário mínimo). No entanto, a juíza desobrigou o pagamento.

De acordo com a Defensoria, o ofício foi encaminhado às 19h40 para a Polícia Civil.


Danilo Verpa/Folhapress


Meninas que fazem arrastões na Vila Mariana (zona sul de São Paulo) são apreendidas novamente

Meninas que fazem arrastões na Vila Mariana (zona sul de São Paulo) são apreendidas novamente

APREENSÃO

As garotas foram apreendidas na tarde de ontem após cercarem um carro com duas mulheres, na esquina das avenidas Professor Noé Azevedo e Lins de Vasconcelos, pedindo bolsas, dinheiro e celulares.

Segundo a polícia, o carro foi cercado por cerca de 15 meninas, mas apenas sete foram apreendidas. Dessas sete, três são crianças e quatro são adolescentes -- uma delas tem 14 anos, três têm 13 anos, duas têm 11 e uma tem 10.

Ontem, elas chegaram a passar pelo núcleo de identificação da Fundação Casa, para tentarem ser identificadas corretamente. No entanto, nenhuma delas tem passagem pela fundação.

Todas as garotas apreendidas foram encaminhadas para um abrigo pelo Conselho Tutelar.

Como as vítimas não quiseram aguardar para registrar o boletim de ocorrência no 36º DP (Paraíso), o delegado instaurou um procedimento para investigar o que houve exatamente no semáforo. Por não haver processo ainda, o pedido de liberdade foi julgado pelo Dipo.

As meninas são moradoras dos bairros Cidade Tiradentes e São Mateus (zona leste). No entanto, para a polícia elas haviam dito que eram de Diadema (Grande São Paulo).

O soldado da PM Marcos Beltrão afirmou que as garotas detidas ontem fazem parte do grupo de 15 que faz arrastão pela região. "São sempre as mesmas, e tem mais dois menininhos que às vezes estão com elas também. Do segundo semestre do ano passado até agora, já apreendemos essas crianças umas 17 vezes."

DIREITOS

Para o vice-presidente da Comissão Especial da Criança e do Adolescente do Conselho Federal da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ariel de Castro Alves, a prisão das mães foi abusiva.

"É inaceitável que a questão social seja tratada ainda como questão de polícia. Não é possível se atribuir toda a culpa pela negligência e situação de risco das crianças e adolescentes unicamente à família delas. O Estatuto da Criança e do Adolescente é muito claro no que diz respeito a corresponsabilidade da família, do Estado e de toda a sociedade de proteger, promover e garantir os direitos da criança e do adolescente", afirmou.

FUGITIVAS

As mães disseram ontem à polícia que não sabem mais o que fazer com as filhas. Afirmaram que as meninas saem de casa para ir à escola, mas fogem.

A Folha ouviu a conversa de uma mãe com a filha no banheiro da delegacia. Ela chamou a criança de "besta".

"Você foi voltar no mesmo local do crime? Você é uma besta mesmo", disse a mãe.

Para o delegado, as meninas apreendidas são "crianças sapecas" em situação de risco. "São meninas desassistidas pelos pais, pela sociedade, pelo governo", afirmou Nilson.

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Divulgando: espetáculo Cidade Submersa, que retrata a história da vila urbana mais antiga de São Paulo

A "Cidade Submersa": Vila Itororó e suas memórias

sex, 2011-08-12 13:27 — Michelle

Impulso Coletivo apresenta o espetáculo Cidade Submersa, que retrata a história da vila urbana mais antiga de São Paulo

12/08/2011

Patrícia Benvenuti

Da redação

Um espetáculo sobre memória, cidade e, sobretudo, moradores e suas histórias. A partir desses temas, a companhia de teatro Impulso Coletivo apresentará, nos dias 20 e 21 de agosto, em São Paulo, o espetáculo Cidade Submersa, cuja inspiração é a Vila Itororó, a vila urbana mais antiga da capital paulista.

Localizada no bairro do Bixiga, centro de São Paulo, a vila é alvo de uma disputa há vários anos. De um lado está a Prefeitura, que quer transformar o local em um centro cultural; de outro, cerca de 70 famílias, que lutam para não serem despejadas de onde vivem há décadas. A Secretaria Municipal de Habitação (Sehab) promete que todos os moradores serão atendidos por programas habitacionais, mas a pasta não apresentou, até agora, garantias sobre o reassentamento das famílias.

Cidade Submersa conta a história de Eliseu e Virgílio, dois personagens idosos e amigos de infância, que se reencontram depois de muito tempo. Eliseu sofre de Alzheimer, e a visita de seu amigo faz com que relembrem e reflitam sobre o lugar onde cresceram, que vem sofrendo grandes transformações. Para reencontrar esse local, guardado na memória, saem pela cidade se confrontando com suas contradições e mudanças.

O espetáculo traz depoimentos de moradores da Vila Itororó, além de cenas simbólicas que sintetizam problemas, como o ritmo acelerado do cotidiano, a especulação imobiliária, a escassez de moradia e a privatização do patrimônio público, que entrecruzam a trajetória de Eliseu e Virgílio.

A peça foi encenada pela primeira vez em maio do ano passado, na Casa das Caldeiras, em São Paulo, e as apresentações de 20 e 21 de agosto serão realizadas no Teatro de Arena do Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (Avenida Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo).

Na entrevista a seguir, o diretor do Impulso Coletivo, Jorge Peloso, fala sobre o espetáculo e a relação entre a memória, espaço urbano e cultura.

Brasil de Fato - Como surgiu a ideia do Cidade Submersa?

Jorge Peloso - A ideia do espetáculo foi construída ao longo do Projeto Desassossego - suas outras memórias, que durou mais de dois anos e começou em 2008. A ideia inicial do projeto era entender como os habitantes se relacionavam com a memória e quais eram as dificuldades para se apropriar da história da cidade de São Paulo. Vivemos numa cidade de proporções gigantescas com pessoas de todos os cantos do Brasil e do mundo, dentro de um processo onde cada vez mais nos apartamos do convívio nos espaços públicos, em que as relações com as pessoas e os ambientes são frágeis e muitas vezes até a própria maneira como a cidade vem sendo pensada e planejada nos impele à alienação dela própria. Então o Cidade Submersa nasce dessas inquietações e pretendemos, com esse espetáculo, problematizar junto do público um pouco dessas questões.

Como foi o processo de pesquisa para montar o espetáculo?

Com todas essas dúvidas pairando na cabeça, partimos primeiramente para uma pesquisa teórica para entender melhor o contexto e amadurecer qual seria nosso ponto de partida. Iniciamos leituras de autores como Darcy Ribeiro, Celso Furtado, Milton Santos, Ulpiano Bezerra de Menezes e até o Vida e Morte do Bandeirante, de Alcântara Machado. Com ajuda desses autores entendemos melhor quais eram os pontos centrais da nossa inquietação sobre a importância da memória no contexto urbano. E foi com essa bagagem que, no final de 2008, tivemos nosso encontro com a Vila Itororó. O impacto visual foi imediato, e ao conversar com um dos moradores, percebemos que a Vila materializava todas nossas reflexões, e as expunha de maneira contundente e viva, e a partir daí iniciamos uma longa e intensa relação com ela. Passamos a frequentar as reuniões da Associação dos Moradores e Amigos da Vila Itororó, e junto da AMAVila, do Saju (Serviço de assistência Jurà ­dica - USP) e do coletivo Mapa Xilográfico, desenvolvemos várias ações culturais com os moradores e outras também para divulgar a causa da Vila. Depois de mais de um ano e meio, nossa convivência com os moradores foi íntima. E poder tecer essas relações de forma ética foi fundamental para nosso processo de criação e o influenciou completamente, aprofundando nosso olhar para compreender todas as dimensões que atravessam até hoje o problema não resolvido da Vila e de tantos outros lugares, e qual seria a melhor forma de traduzir essa experiência esteticamente.

A memória é um tema muito forte em todo o espetáculo. Na concepção do coletivo, qual a importância da memória para a cidade e seus habitantes?

A memória é algo de suma importância dentro de nossas vidas, e é por meio dela que nos tornamos quem somos, e é ela que dá sentido ao nosso processo histórico constante de construção de quem nos tornamos. Por isso, problematizar a memória e os processos de amnésia social que vivemos é fundamental, para que, refletindo, passemos a novas práticas em que ampliemos nossa relação com ela. Vivemos em tempos em que a memória também virou mercadoria e apesar de até encontrarmos discursos de incentivo à preservação, muitas vezes o que se vê é a fetichização e a monumentalização da memória, o que só dilui e pasteuriza a potência transformadora do passado materializado no presente. Porque afinal de contas é nesse confronto com o que já foi, com a diferença, que podemos caminhar para construir uma sociabilidade melhor e mais justa, reconhecendo os avanços e os retrocessos da nossa jornada. A memória é algo para ser vivenciada social e cotidianamente, não distanciada, para que nós redimensionemos nossa consciência e assim nos reconheçamos como agentes dos nossos processos históricos.

Como tem sido a recepção do público ao espetáculo?

Temos sido recebidos de forma muita generosa e calorosa pelo público, mesmo em cidades onde esses processos de urbanização são mais lentos e às vezes menos visíveis como Mogi das Cruzes e Suzano [na região metropolitana de São Paulo], onde já nos apresentamos. A perspectiva de aliar um olhar pessoal com depoimentos recolhidos na Vila Itororó e na Vila Maria Zélia, em confronto com o contexto de transformação urbana, a especulação imobiliária, a criminalização da pobreza e a fragilização dos laços comunitários, formam um panorama fértil para os espectadores se verem e refletirem sobre esse contexto, o que nos parece que tem gerado reações muito estimulantes para o público.

Os moradores da Vila também assistiram a uma apresentação do Cidade Submersa no ano passado. Como foi esse encontro entre as famílias e o coletivo?

Foi a finalização simbólica desse longo encontro e caminhos que traçamos juntos. Já vínhamos fazendo algumas mostras pontuais da nossa criação na própria Vila Itororó, inclusive um ensaio aberto contendo parte da peça dentro da piscina da Vila. Mas foi na estreia, com o auxílio da administração da Casa das Caldeiras que forneceu um ônibus e onde fizemos nossa primeira temporada, junto das nossas famílias e dos velhos e novos amigos, que concretizamos nosso processo com muita emoção. Não sei dizer ao certo o que eles sentiram, mas fizemos questão de dedicar, agradecer e abraçar cada um e recebemos muitos abraços carinhosos, e vimos rostos solidários, olhos marejados, sorrisos abertos de quem se viu retratado, reconheceu seus vizinhos e também viu sua história e esse contexto tenso em que vivem mostrado dentro da peça. E para nós foi uma satisfação imensa "concluir" esse projeto, que não teve qualquer financiamento público ou pa trocínio, de forma íntegra e ética, reconhecendo que tivemos muitas dificuldades, limites, discordâncias e crises dentro do próprio processo com a Vila e seus moradores, assumindo nossas diferenças, mas, sobretudo, valorizando o que nos une e o que construímos juntos. Sem esquecer, é claro, da participação espontânea das crianças da Vila durante essa apresentação, que respondiam e cantavam juntos com a gente, tornando único esse encontro.

A Prefeitura argumenta que a Vila Itororó não está sendo aproveitada em seu potencial e, para isso, deve ser transformada em centro cultural, o que deve acarretar o despejo das famílias. Como você, que integra um coletivo de cultura, avalia essa separação entre patrimônio histórico-cultural e a questão da moradia?

O que está em jogo no problema com a Vila Itororó são várias coisas. Além do processo higienista, dos interesses financeiros explícitos e da especulação imobiliária, existe dentro disso uma visão elitista sobre o que é cultura. A Vila com seus moradores possui uma riqueza cultural enorme e diversa, que talvez precisasse ser estimulada, e isso em si já anularia em parte a argumentação da Prefeitura. Se o caso é também ampliar o uso por pessoas de fora da Vila, a experiência do Impulso Coletivo e do Mapa Xilográfico na Vila Itororó é uma alternativa, pois nossas ações culturais compatibilizavam e estimulavam tanto a relação dos moradores com a arte, como também com a população da cidade, pois traziam pessoas de fora que podiam conhecer a Vila, como foi o caso da Vilada Cultural, que ocupou a Vila Itororó com 12 horas ininterruptas de apresentações artísticas e culturais em outubro de 2009. Nesse sentido, o caso da cidade de Para napiacaba também é exemplar, pois lá o poder público soube conjugar a vivência das pessoas que moram ali com uma iniciativa turística num local histórico. Além do mais, a Vila Itororó, por sua peculiaridade arquitetônica, geográfica e importância histórica, já serviu de cenário para inúmeros clipes, longas metragens, documentários, novelas e de campo para pesquisas de estudiosos de diversas áreas do conhecimento. Cultura não é o que falta na Vila Itororó, sem esquecer da região onde está localizada, tão rica culturalmente como é o Bixiga. A história da Vila Itororó está feliz e irremediavelmente atrelada e impregnada pelas famílias que lá também construíram suas histórias, muitas ao longo de mais de quatro décadas e mais de quatro gerações, e ao contrário do que se pode pensar, esse é caso da maioria das famílias. Como falei anteriormente, o que interessa é conhecer a Vila junto desses olhares que deixam diariamente suas marcas naquela s paredes, a memória viva da Vila não é só os prédios, mas é esse diálogo cotidiano que olha pela janela, joga futebol na rua e conversa no portão. É óbvio que as casas precisam ser reformadas, pois alguns moradores vivem em condições muito precárias e insalubres, mas ver a Vila Itororó pintada de branco ou bege, com restaurantes e mesinhas na rua, ajuda pouco a entender quem fomos e quem somos. Hoje, como ela está, é nosso espelho e escancara a história da urbanização da cidade São Paulo, desde os seus primórdios nos anos 20, a evasão da elite financeira do centro na década de 70, o tratamento dado à população pobre hoje e a recente revalorização do centro paulistano.

Veja trechos da peça em http://impulsocoletivo.wordpress.com/galeria/videos/

SERVIÇO:

Cidade Submersa, da companhia de teatro Impulso Coletivo

Dias 20 (sábado, 20h) e 21 de agosto (domingo, 18h)

Centro Cultural da Juventude Ruth Cardoso (Avenida Deputado Emílio Carlos, 3.641, Vila Nova Cachoeirinha, zona norte de São Paulo).

Entrada franca (Retirar ingressos com 1 hora de antecedência na recepção)

Notícia: Estudo sobre crianças e adolescentes afetadas pelo HIV/AIDS é divulgado

http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?lang=PT&cat=2&cod=59218

Jeane Freitas

Jornalista da Adital

Adital

Contribuir para que as crianças e adolescentes afetadas pelo vírus HIV/AIDS sejam reconhecidas como sujeitos de uma política nacional foi o objetivo do estudo sobre "Meninos, meninas e adolescentes afetados pelo HIV/AIDS, apresentado pelo Programa Nacional de Prevenção e Controle de HIV/AIDS do Ministério da Saúde do Equador, região da América do Sul.

O estudo, que contou com o apoio de diversas entidades, teve início em 2009 e seus resultados querem mostrar a problemática das crianças e adolescentes afetadas pelo vírus no país, com as informações querem definir políticas e planos de ação que garantam os serviços essenciais para os afetados.

A representante do programa, Elizabeth Barona, teve acesso a 734 casos, dos quais 84,9% vêm da costa, 14,3% da serra, e 0,7% da Amazônia.

Segundo o estudo, "O problema afeta à pessoa portadora do vírus e a seu meio familiar e social, por essa razão, para o trabalho realizado pelas instituições, tomou-se em conta os menores de idade que vivem com HIV, aos órfãos, por causa deste mal, mas que não o padecem, e a filhos que têm pais com esta doença”

Conforme a equipe que participou do estudo, a coleta dos dados foi feita em hospitais infantis, clínicas e maternidades em Quito, Guayaquil e Cuenca através de entrevistas, encontros, formulários e trabalho de campo, com o cuidado de manter em sigilo todas as informações e o anonimato para resguardar as histórias de cada paciente.

O estudo contou com a colaboração da Defesa de Crianças Internacional (DNI) do Equador, CARE, Missão Aliança Noruega, Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Conselho Nacional de crianças e adolescentes do Ministério da Saúde Pública, através do Programa Nacional de Prevenção e Controle de HIV/AIDS.

Dados estatísticos da doença no país

Conforme dados do Programa Nacional da Aids do Ministério da Saúde Pública, em 2010, foi registrado no país um total de 3.966 casos de HIV e 1.301 casos de Aids. A doença mata cinco pessoas a cada minuto no mundo e as cifras de infectados são cada vez maiores. Cerca de duas mil pessoas são infectadas a cada ano.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Divulgando:Seminário Criança e adolescente em situação de rua

FÓRUM ESTADUAL DE DEFESA DOS DIREITOS DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE - SP

Seminário Criança e adolescente em situação de rua

" Interface com o Sistema de Garantias de Direito"


O Fórum Estadual de Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente de São Paulo- FEDDCA-SP, constituído na década de 80, com o objetivo de atuar na defesa dos direitos da criança e do adolescente, vem, a presença de todos, convidar para participar do Seminário “ Criança em situação de rua ou na rua” que será realizado no dia 18/08/2011, das 09:00h às 16hs, na Câmara Municipal de São Paulo no viaduto Jacareí, nº 100. O objetivo desse evento é mobilizar a sociedade na perspectiva de construir Diretrizes para implementação de políticas públicas para atendimento de crianças e adolescentes em situação de rua, respeitando suas peculiaridades e atendendo o conjunto de necessidades. O evento conta à participação de todo o sistema de Garantia de Direitos humanos, Conselhos de Direitos e Tutelares, Defensoria, OAB, ONG´s, cidadãos, militantes, Secretarias Municipais e Estaduais, associações, Fóruns dca´s, legislativo, bem como toda população para essa luta esquecida pela nossa sociedade. Contamos com todos, só assim é possível construir uma sociedade mais justa e igualitária. Vamos dialogar e construir!
Executiva do Fórum Estadual DCA