quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Notícia: Ministra critica ações para trabalho infantil

Maria do Rosário afirmou que as autorizações de trabalho que juízes e promotores têm concedido a crianças são inconstitucionais

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse hoje nesta quinta-feira que as autorizações de trabalho que juízes e promotores têm concedido a crianças são inconstitucionais e que o Poder Executivo tenta convencer os magistrados a abolir tal prática.



“As autorizações são inconstitucionais e pretendemos verificar que medidas legais o Poder Executivo pode tomar [para reverter os despachos já concedidos]. O principal, contudo, é convencermos os juízes a encerrarem este expediente”, declarou a ministra ao chegar à sede da EBC (Empresa Brasil de Comunicação), em Brasília (DF), onde participa da gravação do programa 3 a 1, transmitido pela TV Brasil.



Juízes e promotores da infância e da juventude e do trabalho concederam, entre os anos de 2005 e 2010, mais de 33 mil autorizações de trabalho a jovens com menos de 16 anos, como revelou a Agência Brasil no último dia 21. Os números são do Ministério do Trabalho e Emprego e foram colhidos na Relação Anual de Informações Sociais (Rais). A maior parte dessas decisões envolvem adolescentes de 14 a 15 anos, mas há um grande número de autorizações para crianças mais novas. No período, foram concedidas 131 autorizações para crianças de 10 anos; 350 para as de 11 anos, 563 para as de 12 e 676 para as de 13 anos.



Apesar de a maioria das decisões autorizarem as crianças a trabalhar no comércio ou na prestação de serviços, há casos de empregados em atividades agropecuárias, fabricação de fertilizantes (onde elas têm contato com agrotóxicos), construção civil, oficinas mecânicas e pavimentação de ruas, entre outras.



A Constituição Federal proíbe o trabalho para menores de 16 anos, salvo na condição de menor aprendiz, a partir dos 14 anos. No caso de atividades insalubres ou perigosas, contudo, é vedada a contratação de menores de 18 anos. Apesar disso, os juízes e promotores alegam que, na maioria das vezes, os jovens vêm de famílias carentes e precisam trabalhar para ajudar os pais a se manter.



Na terça-feira, dia 25, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, declarou que considera muito grave a concessão das autorizações judiciais que, segundo ele, ferem a lei e prejudicam o serviço dos fiscais do trabalho.



À Agência Brasil, o presidente da AMB (Associação dos Magistrados do Brasil), Nelson Calandra, declarou que a Constituição também garante outros direitos aos cidadãos, como a proteção à vida e à família, de forma que, ao julgar os pedidos de trabalho, os magistrados levam em consideração outros valores, e não só o artigo que proíbe o trabalho infantil. “Quando um juiz conclui que é imprescindível autorizar um jovem a trabalhar porque ele [juiz] não dispõe de outra ferramenta legal para socorrer uma família de baixa renda, não há nada de inconstitucional nessas decisões”, disse Calandra à reportagem.



Para a ministra Maria do Rosário, o argumento é um contrassenso. “As autorizações judiciais se contrapõem à defesa dos direitos da criança e do adolescente, ao direito de estarem na escola. A criança que trabalha, em geral, o faz para garantir seu próprio sustento e o de sua família e isso caracteriza trabalha infantil. Nestas condições, lhe é negado o direito à escola e ao desenvolvimento”, afirmou a ministra.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Notícia: Internação compulsória

Entrevista publicada na Revista Caros Amigos, edição de outubro de 2011

Por Gabriela Moncau

A demonização do crack e uma suposta epidemia que estaria se espalhando pelo Brasil tem progressivamente tomado conta da imprensa e dos discursos dos políticos, como bem ilustrou a disputa eleitoral presidencial no final do ano passado, de modo que um imaginário social mais baseado em medo que em informações tem sido usado para justificar uma série de políticas polêmicas por parte do Estado no já questionável “combate ao crack”, normalmente amparado por forças repressivas. Desde o dia 30 de maio a Secretaria Municipal de Assistência Social da Prefeitura do Rio de Janeiro tem colocado em prática o sistema de internação compulsória para crianças e adolescentes menores de idade usuários de crack em situação em rua. Os jovens são internados à força em abrigos onde são obrigados a receber tratamento psiquiátrico. Atualmente são cerca de 85 meninos e meninas que já foram recolhidos (contra a vontade) das ruas cariocas.

O modelo tem sido contestado por uma série de organizações sociais ligadas às áreas da assistência social, do direito, da luta antimanicomial, dos direitos humanos, entre outras, que vêem na suposta defesa da saúde pública um disfarce para interesses econômicos e políticos ligados à higienização, especulação imobiliária e lobby de clínicas particulares. Em manifesto, a subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) acusa a Secretaria de Assistência Social do Rio de Janeiro de atuar como uma “agência de repressão, prestando-se à segregação e aumentando a apartação social que deveria reduzir, desconsiderando inclusive que o enfrentamento da fome é determinante no combate ao uso do crack, em especial da população de rua”. O Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (CONANDA) tampouco se mostrou satisfeito com a medida, que entende como inconstitucional. O Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS) classificou as ações como “práticas punitivas” e “higienistas”, em uma postura segregadora que nega o “direito à cidadania, em total desrespeito aos direitos arduamente conquistados na Constituição Federal, contemplados no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, no Sistema Único da Saúde – SUS e no Sistema Único da Assistência Social – SUAS”.

Respondendo à acusação de inconstitucionalidade, os defensores e idealizadores da medida atestam que na Lei 10.216, que trata de saúde mental, estão preconizados os três tipos de internação: voluntária, involuntária (sem o consentimento ou contra a vontade do paciente, com aval da família e laudo médico) e compulsória (com recomendação médica e imposição judicial). Já os que se posicionam contra alegam que, na prática, ao invés da ordem de internação compulsória ser impetrada por um juiz após análise de cada caso e com um laudo médico, ela está sendo determinada pelo Poder Executivo, de forma massificada e antes da adoção de outras medidas extra-hospitalares.

O prefeito de São Paulo Gilberto Kassab (ex-DEM, quase PSD) já afirmou que vê com bons olhos a ideia de implementar modelo semelhante na capital paulista, especialmente na região central da cidade, nas chamadas “crackolândias”. O Ministério Público já foi procurado pela prefeitura para assumir um posicionamento acerca da possibilidade, mas declarou que ainda está aguardando um projeto oficial impresso.

O Estado deve se fazer presente para esses jovens em situação de rua? Se sim, de que forma? O fato de serem menores de idade e/ou usuários de drogas lhes tira a capacidade de discernimento? É efetivo o tratamento feito contra a vontade do paciente? Que outros tipos de procedimentos podem ser adotados? No intuito de ajudar a responder essas e outras perguntas, a Caros Amigos conversou com o psiquiatra Dartiu Xavier da Silveira, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e diretor do Programa de Orientação e Assistência a Dependentes (PROAD), onde trabalha com dependentes químicos há 24 anos.

A internação compulsória não faz parte de nenhuma política pública, certo? Quando que esse dispositivo costuma ser usado? Não é só em casos específicos de possibilidade de risco da vida?

Sim. Todo uso de drogas pode trazer algum risco de vida, mas a internação compulsória é um dispositivo para ser usado quando existe um risco constatado de suicídio. A outra situação é quando existe um quadro mental associado do tipo psicose, seria quando a pessoa tem um julgamento falseado da realidade: se ela acha que está sendo perseguida por alienígenas ou se acredita que pode voar e resolve pular pela janela. Nessas situações de psicose ou um risco de suicídio é quando poderíamos lançar mão de uma internação involuntária.

Tiveram outros momentos da história em que a internação compulsória foi usada desse modo que está sendo implementado no Rio de Janeiro e prestes a ser em São Paulo?

Foi usada principalmente antes da luta antimanicomial. Tanto que existe até aquele filme, “O bicho de sete cabeças”, com o Rodrigo Santoro, que mostra os abusos que se faziam, no caso era um usuário de maconha que foi internado numa clínica psiquiátrica contra a vontade. Isso hoje é juridicamente uma coisa muito complicada, de modo geral não é mais aceito. Mas vou te dizer uma coisa: infelizmente ainda acontece hoje em dia. Volta e meia sou chamado para atender alguém que foi internado compulsoriamente contra a vontade, sem citação de internação.

Quais são os efeitos de ansiolíticos e calmantes injetáveis? Você acredita que essas substâncias que estão sendo usadas nas clínicas do RJ são medicamentos adequados para crianças usuárias de crack?

Eu não sei efetivamente o que está sendo feito nessas clínicas no Rio, o que eu sei é que a gente não tem o aparelho de Estado nem que dê conta das internações voluntárias. Ou seja, você pega uma pessoa que tem uma dependência química associada com psicose ou risco de suicídio e temos todas as indicações médicas e até a anuência do paciente de ser internado – estou falando da internação voluntária –, ainda assim não temos estrutura para atender essas pessoas. O que acontece é que se está recorrendo a um modelo considerado ultrapassado, um modelo carcerário, dos grandes hospícios. Então mesmo para as internações voluntárias acaba sendo usado um modelo de internação ineficaz. Se não temos estruturas nem para as internações voluntárias, imagine para as compulsórias.

O ansiolítico é um calmante forte?

Sim, ele vai diminuir a ansiedade da pessoa. Você pode usar também antidepressivos que diminuam a vontade da pessoa de usar aquela droga. Mas tudo isso são paliativos, porque na verdade o grande determinante para a pessoa para de usar a droga ou não, é a força de vontade. Por exemplo, eu quero parar de fumar, então eu posso tomar um calmante para diminuir esse meu desejo absurdo de fumar, mas se eu não tiver a motivação da minha decisão de parar, não vai existir calmante que me faça parar de fumar. Ele não age por si só. Daí um dos problemas de tratar alguém que não está convencido de ser tratado.

Você afirma que o número de dependentes de drogas é muito inferior ao número de usuários, que não tem problemas com o consumo de drogas.

Exatamente. Para maconha e para álcool é menos de 10% dos usuários que se tornam dependentes. Para crack, por volta de 20% a 25% que se tornam dependentes, os outros permanecem no padrão de uso recreacional. Nem todo consumo é problemático.

Esse sistema, então, corre o risco de internar usuários que não são dependentes de fato?

É muito provável que isso aconteça. Sobretudo porque existe uma lógica muito perversa da internação compulsória que atribui a situação de miséria e de rua à droga, quando na realidade a droga não é a causa daquilo, ela é consequência. Acredito que o trabalho feito nas ruas, nas crackolândias e com crianças de rua deveria ser no sentido de resgate de cidadania, moradia, educação, saúde.

O que você acha do tratamento da dependência sem que a pessoa tenha o desejo de ser tratada? Existe possibilidade de eficiência?

A eficácia é muito baixa. Existem estudos mostrando que nesses modelos de internação compulsória o máximo que se consegue de eficácia é 2%, ou seja, 98% das pessoas que saem da internação recaem depois. Certamente porque a pessoa não está nem convencida a parar.

O Estado, de modo geral, vem se omitindo há décadas a respeito da situação de jovens moradores de rua em situações de vulnerabilidade. Por que você acha que começaram a agir agora, e desse modo?

Acredito que é por conta de uma diversidade enorme de variáveis. O que tem se falado muito é que é uma medida higienista de tirar as pessoas das ruas e que começou no Rio de Janeiro por causa da proximidade de Copa e Olimpíadas. É uma forma de tirar os miseráveis das ruas. Já vi também tentativas de implementação de internação compulsória por uma questão política, necessidade de o governante mostrar que está fazendo alguma coisa pela população, pelos drogados, apesar de ser uma coisa que não funciona pode render votos.

Para inglês ver.

Exatamente, para inglês ver. No caso da Copa e das Olimpíadas, literalmente para ingleses e outros gringos verem.

O tema da internação tem gerado bastante polêmica, um dos argumentos apresentados aos que se posicionam contra a internação é de que se trata de menores de idade, e o Estado tem a obrigação de fazer-se presente, de cuidar das crianças e adolescentes. O que você acha disso e o que considera que deveria ser uma boa medida por parte do Estado nessas situações?

Acho que o argumento é válido e acho que é verdade que o Estado realmente tem que cuidar dessas crianças. Só que não acho que isso seja cuidar. Cuidar é dar moradia, educação, saúde. Não é colocar a pessoa em um cárcere psiquiátrico, em um manicômio. Porque é isso que vai acontecer: vão ser grandes depósitos de crianças desfavorecidas e que usam drogas.

Muitos dizem que a internação compulsória para essas crianças e jovens mascara um problema maior, o da desigualdade social, da falta de educação, moradia, saúde, etc. Porém, os que defendem a internação afirmam que é uma medida para algo emergencial. Você vê alternativas que respondem à emergência que alegam para a situação?

Esses trabalhos das equipes multidisciplinares de rua que já fazem um trabalho, mas que deveriam ser aumentados. O trabalho deve ser na rua. As redes de CAPS [Centro de Atenção Psicossocial] são um bom exemplo e deveriam ser ampliadas.

Como funcionam?

Da seguinte forma: uma equipe multidisciplinar que tem familiaridade exclusiva com o problema das drogas vai fazendo um trabalho muito de formiguinha, porque cada caso é um caso. Eles vão identificar qual é a problemática daquela pessoa, porque a pessoa está na rua, se é por uma questão familiar, se é por uma questão de abandono total, ou seja, cada situação tem que ser vista na sua singularidade justamente para ver como que entra a droga nessa singularidade.

Fizemos um trabalho na rua uma vez com umas adolescentes que usavam drogas e perguntamos o motivo do uso, elas disseram “Olha tio, a gente usa drogas porque para comer a gente precisa se prostituir. A gente é muito pequena, para ter uma relação sexual com um adulto a gente precisa se drogar, senão a gente não agüenta de dor”. Quem diria que o problema dessas meninas é a droga? Eu acho que é o último problema dessas meninas.

É apresentada a necessidade da internação compulsória para crianças e adolescentes baseada em duas premissas que fundamentariam a não possibilidade de tomarem decisões por si próprios: a de que são menores de idade e a de que sendo dependentes de crack não poderiam pensar com sanidade. O fato de usarem essa última justificativa abre precedente para a internação compulsória de adultos?

Certamente. E essa segunda justificativa cai por terra na hora que pensamos naquele dado que eu falei, dos usuários de crack 75% a 80% são usuários recreacionais: são pessoas que trabalham, são produtivas, que tem família, que levam a vida. No meu consultório particular eu atendo executivos que são usuários recreacionais de crack, você vai dizer que o crack torna a pessoa incapaz de pensar? Não, não se pode atribuir isso ao crack. Poderíamos fazer o mesmo raciocínio com o cigarro. O indivíduo não consegue parar de fumar, está se matando, vai ter um câncer, então ele é considerado incapaz? Bom, ele é capaz de ganhar dinheiro, de ter relações sociais, de tomar uma série de decisões na vida, não dá para atribuir isso ao cigarro.

O que, por exemplo, o secretário municipal de Assistência Social do Rio, Rodrigo Bethlem, fala é que o crack é diferente de qualquer outra droga porque “faz com que a pessoa perca a noção completa da realidade”.

Isso não é verdade. Não existe isso. O crack é como a cocaína, ou seja, a pessoa não perde a noção da realidade, é que a compulsão pelo uso é muito intensa.

Fale um pouco sobre as condições a que os doentes mentais internados geralmente são submetidos no Brasil.

É muito complicado. É um sistema que ainda guarda muito da herança do sistema carcerário, o sistema dos manicômios. Por exemplo, um dos hospitais que tem sido citado pela mídia como modelo aqui em São Paulo de possibilidade de tratamento de dependentes é uma estrutura psiquiátrica. Esse hospital, eu não posso dizer o nome por questão de segurança, está sob intervenção do Ministério Público por maus tratos aos pacientes. Esse hospital que é considerado modelo. O que devemos esperar dos outros, que nem são vendidos como modelos? Na verdade o que é preconizado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como tratamento para dependentes é a internação de curto prazo só para fazer a desintoxicação, cerca de 15 dias, no máximo 30 dias, e em unidades dentro do hospital geral. Por isso que eu montei há 10 anos atrás uma estrutura dentro do hospital geral para esses casos de internação.

Aqui no Brasil são poucos os hospitais que tem essa unidade?

Pouquíssimos. Em geral aqui no Brasil se usa o modelo manicomial ainda.

Como funciona o modelo manicomial?

É o modelo onde o indivíduo fica internado meses ou anos, não recebe atendimento multidisciplinar, não vai ser submetido à psicoterapia, recebe algum tipo de medicação – nem sempre é a medicação adequada para ele. Eu fiz um estudo há 5 anos atrás com 300 dependentes internados em hospitais psiquiátricos. Para se ter uma ideia, 90% deles, embora tivessem supostamente sendo atendidos por médicos psiquiatras, não tinha tido seu diagnóstico psiquiátrico identificado! Eles tinham depressão, fobia social, enfim, isso não foi identificado. Ou seja: é um sistema de depósito, não é um sistema de tratamento. Por isso que eu chamo de sistema carcerário, é de isolamento social, não de tratamento.

Você afirmou que “a dependência de drogas não se resolve por decreto. As medidas totalitárias promovem um alívio passageiro, como um ‘barato’ que entorpece a realidade”. Você acha que existe a ilusão por parte dos idealizadores desse sistema de que medidas como a internação compulsória resolvam o problema ou você acredita que de fato a intenção é maquiar a realidade?

Eu conheço gente bem intencionada que acredita nisso. Mas é claro que pessoas mal intencionadas também estão envolvidas nisso. Por exemplo, eu estava conversando com o Dráuzio Varella, que é a favor da internação compulsória. Ele dava os prós e eu os contras, e foi interessante porque ele é uma pessoa muito bem intencionada. Não sei se ele mudou de ideia depois que conversamos, mas acredito que tenha relativizado uma série de coisas que ele pensava. O Dráuzio é uma pessoa que eu considero que está autenticamente defendendo essa ideia, com embasamento coerente, só que não vai funcionar. Foi o que eu falei para ele.

Em São Paulo, a gestão Kassab pretende permitir que a GCM leve à força pessoas que não aceitarem serem retiradas da rua. Pretende também implementar um sistema de “padrinhos”, que seriam profissionais nomeados nas centrais de triagem para acompanhar um paciente durante a sua internação compulsória, até estar supostamente apto para uma “reintegração social”. O que você acha desse sistema?

Esse sistema vai furar porque é uma ingerência na vida privada das pessoas, é contra o direito de ir e vir, contra os direitos humanos. E na verdade o que vai acontecer é que isso vai funcionar – funcionar entre aspas porque não será eficaz – nas populações carentes. Porque quem é classe média e alta e tiver fumando crack na rua, vai ser pego mas o papai vai por ele numa clínica chique, vai ficar uma semana, e vai para casa depois. Então é um sistema bastante questionável do ponto de vista ético, porque vai ser aplicado nas populações “indesejáveis”. Além disso, grande parte das pessoas que eu vejo defenderem a internação compulsória são donos de hospitais psiquiátricos que vão se beneficiar diretamente com isso.

Você concorda com esse discurso que tanto aparece na mídia de que o crack é mesmo um dos maiores problemas do Brasil?

Não, isso é uma fabricação. Não existe essa epidemia de crack de que tanto se fala. Não estou dizendo que a dependência de crack não é uma coisa grave, é gravíssima. No meu serviço eu atendo 600 pessoas por mês, metade ou 40% é dependente de crack. Então o problema existe e o problema é sério. Só que ele não aumentou. Eu atendo essa frequência de dependentes há 15 anos. O que se criou é a ideia falsa de uma epidemia de crack quando o grande problema da saúde pública do Brasil dentro da área de drogas ainda é o álcool, sem dúvidas. Eu não sei qual foi o mote disso. Os estudos que o próprio Ministério da Saúde e a SENAD [Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas] divulgam não comprovam a existência de uma epidemia de crack.

Por que, apesar desse discurso demonizador do crack, você acha que as pessoas continuam buscando o crack? Quais são os efeitos positivos que faz com que a demanda persista?

Se a gente for ver a heroína na Europa e nos Estados Unidos – a heroína não é uma droga muito discutida comparada ao crack – conseguimos fazer prevenção, tratamento, mas sempre aparecem novos usuários. Tem pessoas que tem esse comportamento de risco, em geral são pessoas impulsivas mas é algo turbinado por uma situação de exclusão social.

Qual a importância da redução de danos?

A redução de danos é um conjunto de estratégias que a gente usa para aquelas pessoas que não podem parar de usar drogas, ou porque não querem ou porque não conseguem. Normalmente o que se fazia antigamente era ‘olha, não deu certo o tratamento, o indivíduo não ficou abstinente, então sinto muito, vai continuar dependente’. A redução de danos surgiu justamente para essas pessoas que não conseguiram se tratar ou que não aceitaram o tratamento mas que são formas e estratégias para diminuir os riscos relacionados ao consumo. Então por exemplo, teve um estudo sobre redução de danos publicado há anos atrás fora do Brasil, a respeito de um grupo de usuários de crack que não conseguia se tratar de forma nenhuma. Mas começaram a relatar que quando eles usavam maconha, conseguiam segurar e não usar crack. Eu acompanhei esse grupo de pessoas por um ano e para a nossa surpresa, 68% deles abandonou o crack através do uso de maconha. Depois de três meses tinham abandonado o crack. Até brinquei na época que as pessoas falam que a maconha é porta de entrada para outras drogas, mas ela pode ser porta de saída também.

Gabriela Moncau é jornalista.

domingo, 23 de outubro de 2011

Notícia: Delegada: apenas 10% dos casos de abuso infantil são denunciados


22 de outubro de 2011 20h06

Sala onde são feitas as oitivas com crianças vítimas de abuso infantil. Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil

Sala onde são feitas as oitivas com crianças vítimas de abuso infantil
Foto: Antônio Cruz/Agência Brasil


Daniel Favero
Direto de Porto Alegre

Dados do Centro de Referência no Atendimento Infanto-Juvenil (Crai) apontam que o Estado do Rio Grande do Sul registrou uma média de 5 casos diários de abuso infantil no ano passado. O número não representa necessariamente um aumento de casos, mas um crescimento uma intolerância social contra o abuso de menores, afirma a delegada do Departamento da Criança e Adolescente (Deca) da Polícia Civil Eliete Matias Rodrigues. No entanto, a delegada acredita que 90% dos casos não são denunciados.

"Sabemos que a cifra de crimes que não são denunciados ainda gira em torno de 90%", diz. Ela afirma que o grande número de denúncias "pode ser resultado de uma conscientização maior e da divulgação dos números dos mecanismos para a denúncia", explica a delegada.

O Crai é um centro que presta atendimento a crianças e adolescentes vítimas de violência, considerado referência no Brasil. Os casos atendidos são, em sua maioria, encaminhados pelos Conselhos Tutelares, delegacias da criança e adolescente, serviços de saúde e escolas. No centro é realizado o atendimento inicial, com avaliação psicossocial, registro de Boletim de Ocorrência policial e os exames periciais. "Incluindo o procedimento profilático das situações de estupro dentro das 72 horas", completa a coordenadora do centro, a psicóloga Eliane Soares.

Denúncias Para denunciar casos de abuso infantil a população pode recorrer ao Disque 100 que encaminha as suspeitas para os órgãos competentes em cada região. O Rio Grande do Sul ocupa a 9º posição no ranking nacional atrás de São Paulo, Bahia, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Maranhão, Pernambuco, Ceará e Amazonas. No entanto, uma análise proporcional aponta que os Estados do Sul do País ficam em segundo lugar no ranking de denúncias.

Segundo os especialistas, o abuso infantil ocorre em todas as classes econômicas, no entanto, de acordo com o poder aquisitivo da família, muda a forma como o episódio é tratado. Entre os mais pobres, existe uma intervenção maior de agentes externos como professores, assistentes sociais e conselheiros tutelares. Já entre os mais ricos, o assunto é tratado dentro dos consultórios particulares para evitar a exposição.

"A gente vê isso em razão do segredo maior que permeia, e os interesses que às vezes estão envolvidos em todas essas relações. É bem mais comum uma escola pública denunciar do que, eventualmente, uma escola particular. Isso reflete ainda como uma família de uma classe mais baixa lida com essa violência em relação a uma família de classe mais alta. Então, a família de classe mais alta não vai na polícia, não vai no Conselho Tutelar, não vai no serviço de saúde, vai levar isso para os consultórios particulares, vai levar isso para uma outra esfera da família, mas não vai expor as suas famílias. Isso, possivelmente, é um grande diferencial ", afirma a delegada Eliete Matias Rodrigues.

Dificuldade de provas
O subprocurador-geral de Justiça do Rio Grande do Sul, Marcelo Lemos Dornelles, apontou que em casos de abuso infantil o maior desafio é a produção de provas, já que a maioria dos casos não deixa vestígios que possam ser detectados por meio de exames. "É importantes construir a prova porque quando o caso vai para a área criminal, acontece um choque, porque no processo criminal, as garantias são do réu. Esse é, talvez, um dos crimes mais clandestinos, pela dificuldade de transformar em prova pericial o que realmente aconteceu".

A psicóloga Lilian Milnitsky Stein, que possui pós-doutorado em psicologia cognitiva, afirma que, na maioria dos casos, a única prova é o testemunho da vítima, ou seja, a memória da criança. "Nós sabemos por uma série de trabalhos que apontam que esses abusos que acontecem com crianças e adolescentes, em 96% dos casos não deixam vestígios", diz. Ela afirma que a maioria das crianças abusadas são muito pequenas ou sofrem de algum tipo de desabilidade intelectual ou cognitiva.

Lilian afirma que em países com legislação mais avançada como Estados Unidos e Inglaterra, os depoimentos de crianças vítimas de supostos abusos são tomados o mais rápido possível para evitar que interferências possam contaminar a memória do menor, e com a ajuda da gravação em vídeo, que evita que a criança passe por novas entrevistas sendo revitimizada.

A delegada do Deca Eliete Matias Rodrigues diz que algumas cidades já adotaram a técnica de gravar o depoimento das crianças para fins judiciais. "No sistema judicial brasileiro ainda existe a questão de que a prova deva ser repetida em juízo. A ideia é que esse depoimento gravado na polícia substitua o depoimento na fase judicial, evitando que a criança tenha que ser novamente ouvida. E ainda que ela seja ouvida, eu já tenho demonstrado como foi feita essa coleta de testemunho na fase policial", afirma.

Leitura: A criança e o adolescente em xeque: criminalização e o desmonte dos direitos sociais.

A criança e o adolescente em xeque: criminalização e o desmonte dos direitos sociais.

Camila Gibin

Apesar dos completados 21 anos do Estatuto da Criança e do Adolescente, que traz em seu cerne a histórica luta em defesa do reconhecimento do público infanto-juvenil enquanto sujeito de direitos e importantes marcos indicativos a uma nova forma de sociedade, temos vivenciado bruscas ações que rompem com o estabelecido em lei e que deixam evidente o momento de criminalização contra a população pobre, dentre elas as crianças e os adolescentes.

Essa criminalização vem se perpetuando não só em âmbito executivo, com as já práticas violentas do Estado brasileiro que vemos cotidianamente, mas também no âmbito legislativo que traz discussões de formulações e reformulações de leis que sejam as justificativas para que a violência, que já acontece, seja ampliada e respaldada.

O Projeto de Lei 267/2011, da Deputada Federal Cida Borghetti (PP/PR) propõe acrescentar artigo o art. 53-A a Lei n.° 8.069, de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente a responsabilização dos estudantes que desrespeitarem os professores, sendo suspendido das aulas e, em caso de um novo “ato”, encaminhados à autoridade judiciária para que esta decida as medidas necessárias a serem tomadas.

Assim, a judicialização e a criação de mais um mecanismo criminalizador e punitivo é utilizado contra a infância e a juventude pobre e seus familiares, sendo estes entendidos como “problemas” e arbitrariamente tidos como bodes expiatórios para tratar sobre o fracasso da educação no país.

A escola é uma das principais instituições de sociabilização do público infanto-juvenil, no qual há possibilidade da troca de experiências de âmbito particular para o universal, extrapolando as limitações físicas dos muros escolares. No entanto, as entidades educacionais tem demonstrado não saber lidar com essa totalidade devido o olhar fragmentado e tecnicista sobre o modelo de educação que apresentam. Por isso, as expressões pessoais do cotidiano de cada estudante são ignoradas pelo corpo técnico, não sendo identificada ou não sendo feito qualquer tipo de intervenção. Ignora-se que, muito deste cotidiano está fortemente marcado por uma cultura da violência, a qual é também fortalecida na escola.

O que temos, então, é nada mais do que adolescentes que, violentados e criminalizados em seu cotidiano por condições étnicas e sociais, são cobrados de, após sofrerem tais violências, responderem positivamente no ambiente escolar sem qualquer tipo de apoio. No entanto, as consequências desta omissão da escola diante os fatores somados em cada particularidade é respondido pela reprodução da violência nos ambientes escolares e pela falência escolar.

Com o PL 267/2011, novamente, o marco punitivo conta a infância se dá de forma individualizada e fragmentada, sem uma percepção contextual das relações sociais e do fracasso no processo educacional e educativo para com nossas crianças, que, no caso da escola, é mais um dos vários espaços repressores e autoritários que limitam a criatividade e a humanização, já que todo o aparato escolar indica uma lógica carcerária, seja pela sua estrutura física, seja pela sua pratica metodológica estigmatizadora, seletiva e punitiva contra os estudantes.

Assim como no espaço escolar, o Estado tem demonstra sua prática criminalizadora nas ruas, agora com a chamada internação compulsória de crianças e adolescentes usuárias de drogas, PL n° 673/11 proposto pelo Deputado Estadual Orlando Bolçone (PSB) em trâmite na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (semelhante ao do RJ). O projeto prevê a internação de crianças e adolescentes sem as escutá-las e sem a autorização dos pais, ignorando o ECA e se respaldando em um falso discurso de saúde publica que se quer indaga as péssimas condições das clinicas de internação e das casas de acolhimento institucional. Atualmente o Sistema Único de Saúde - SUS e o Sistema Único da Assistência Social - SUAS preveem equipamentos fundamentais para asseguram a garantia dos direitos das crianças e de seus familiares, no entanto o investimento e a valorização destes espaços e dos demais que caracterizem as politicas sociais básicas são descaracterizados, não sendo debatido então a centralidade das questões que giram em torno da criança e do adolescente em situação de rua.

A criação desta lei passa a ser a justificativa para a continuidade no processo violento que se tem contra as crianças e os adolescentes em situação de rua, justificativa a qual vem a calhar para o estado opressor preocupado em dar sequencia a politica higienista, agora com maior intensidade em ocasião dos megaeventos. O resultado então é a violência durante a abordagem e a institucionalização, em clinicas, abrigos e Fundações Casa/Febem, tendo como pano de fundo o debate mal feito e mal fundamentado sobre as drogas.

Também para tirar as crianças e os adolescentes do transito, abraçando como justificativa a segurança, a Assembleia Legislativa do estado de São Paulo tem discutido o Projeto de lei nº 768/2011 que proíbe que menores de 18 anos de idade permaneçam desacompanhados dos pais/responsáveis nas ruas, bem como sua entrada ou permanência em restaurantes, bares, padarias, lanchonetes, cafés ou afins, em danceterias, boates ou afins, em lan houses, casas de fliperama ou afins ou em outros locais de frequência coletiva, das 23h30 às 5h.

Privar o direito fundamental de ir e vir indica, desde já, a prática de exceção do Estado que altera a qualquer custo os direitos elementares em detrimento de falsas preocupações, visto que o interesse maior também neste caso é o de controle, limpeza e criminalização, pois a pratica se fundará essencialmente contra a infância pobre, com utilização do aparato da Policia Civil ou Policia Militar – previsto claramente no projeto.

Essa ação já nos indica o quanto, para o Estado, a infância tem sido massacrada e tida como uma potencialmente violenta, devendo penalizá-la e retirá-la do convívio social a qualquer custo ao invés de propiciar políticas e espaços significativos para o desenvolvimento saudável e firmar as politicas sociais básicas. É também nessa logica que segue os debates sobre a redução da responsabilidade penal para 16 anos de idade, com os Projetos de Emenda Constitucional (PEC) que são realizados desde 1993. O que já temos atualmente é uma infância, uma adolescência e uma juventude violentada, que tem como única politica estatal a institucionalização, em especifico, o encarceramento de forma massiva.

Mais uma vez o Estado traça estratégias para penalizar a infância, colocando ela e seus familiares como responsáveis, ausentando a responsabilidade da sociedade e do poder publico no cuidado e no processo de desenvolvimento do publico infanto-juvenil. A fragilidade do debate sobre situação do conflito com a lei apresenta as evidencias da intencionalidade penal que se coloca em jogo, pois ao mesmo tempo que o Estado e a sociedade aponta contra a pratica infracional são eles quem legitimam a partir do descaso e do fomento a uma logica individualista e de marco central à propriedade privada. Além disso, sabemos que a juventude que tem sua historia massacrada atrás das grades tem classe e cor específicos – pobres e negros – remetendo a uma política de criminalização da pobreza.

Enquanto o movimento de defesa dos direitos da criança e do adolescente permanecer atuando apenas com uma perspectiva legalista, de defensores do Estatuto da Criança e do Adolescente, a luta não se avançará. É preciso dimensionar nossas forçar para compreendermos o momento histórico vivido de total desmonte dos direitos sociais dos vários segmentos, com o descumprimento do Estado para com a própria legislação, fazendo desta o que bem entender de acordo com os interesses dominantes.

Devemos manter em vigência a necessidade de efetivarmos o principio da proteção integral à infância, mas devemos, para além, construir nossas ações junto as demais lutas sociais, dos diversos segmentos da classe trabalhadoras, visto que a ofensiva do Estado de não garantia dos direitos e de um olhar punitivo e criminalizador se dá com todos. Portanto, a luta pela infância não pode ser ingênua apenas como uma luta pela garantia do ECA. A luta pela infância é maior! É a luta classista, por uma nova sociedade a qual, com centralidade na solidariedade e na igualdade, efetive de forma natural e harmônica o que hoje temos que prever em lei.

*militante do movimento em defesa da Infância e Juventude e integrante do Coletivo Feminista Anastácia Livre

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Notícia:Novos Conselheiros Tutelares foram eleitos em São Paulo

No último domingo, 16, foi realizada a eleição do Conselho Tutelar para a gestão 2011/2014 que elegeu os 44 novos conselheiros tutelares da capital paulista.
Mil e nove candidatos concorreram às 220 vagas existentes ao cargo de conselheiro (cinco por Conselho de cada região). No total, 138 mil eleitores participaram da eleição.
Foram utilizadas urnas eletrônicas para garantir que a eleição tivesse transparência, facilitando uma participação maior da comunidade e haverá colégios eleitorais em todos os bairros concentrando as seções adjacentes.
A posse dos novos conselheiros acontecerá no dia 18 de novembro no Salão nobre da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, a partir das 19h. Após o dia da posse, os novos conselheiros deverão participar de uma série de cursos de formação afim de melhor prepará-los para o cargo a ser desempenhado.
A eleição foi dirigida pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), da Secretaria de Participação e Parceria (SMPP), que instituiu uma comissão eleitoral, para este fim, composta por 6 representantes do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, 02 (dois) suplentes do referido Conselho e 02 (dois) representantes da sociedade civil.
Puderam votar todas as pessoas maiores de 16 anos que possuírem título de eleitor. Os eleitores podiam votar uma única vez e em apenas um candidato para o Conselho Tutelar de uma das 44 regiões de acordo com a listagem dos locais de votação e seções.
Os Conselhos Tutelares surgiram com a criação da Lei nº 8.096, de 13 de julho de 1990. Esta lei é conhecida como Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Este órgão municipal tem a função de zelar pelos direitos das crianças e adolescentes.
O Conselho Tutelar é composto por cinco membros, eleitos pela comunidade para acompanharem as crianças e os adolescentes e decidirem em conjunto sobre qual medida de proteção para cada caso.
O prefeito, Gilberto Kassab, acompanhado do secretário de Participação e Parceria, Uebe Rezeck, participou da votação neste domingo na Biblioteca Álvaro Guerra, no Alto de Pinheiros, Zona Oeste.

Confira a apuração dos votos
Serviço:
Posse dos candidatos
Quando: 18 de novembroLocal: Faculdade de Direito – Largo São Franscisco, 95Horário: 19h às 21h


sábado, 15 de outubro de 2011

Notícia: Paulistanos elegem novos conselheiros tutelares neste domingo

Função dos conselheiros é zelar, fiscalizar, garantir e elaborar propostas que garantam planos e programas em favor dos direitos da criança e do adolescente

Por: Redação da Rede Brasil Atual

Publicado em 14/10/2011, 17:50

Última atualização às 18:01

São Paulo – O Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA) da capital paulista realiza neste domingo (16) eleição de conselheiros tutelares para a nova gestão 2011-2014. A escolha é feita pela população. Cada pessoa poderá votar uma única vez e em apenas um candidato para o conselho de uma das 44 regiões.

Atualmente, o CMDCA funciona com 37 conselhos tutelares, distribuídos em 31 subprefeituras. Mas o número deve aumentar para 44. As eleições neste domingo já vão incluir os novos postos. Os conselheiros tomam posse em 18 de novembro.

A função dos conselheiros é zelar, fiscalizar, garantir e elaborar propostas que garantam planos e programas em favor dos direitos da criança e do adolescente. Está prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Podem participar do processo eleitoral todas as pessoas maiores de 16 anos que possuam título de eleitor emitido até 29 de julho.

Para votar, é preciso apresentar o título de eleitor ou documento com foto.

Serão utilizadas urnas eletrônicas para garantir que a eleição tenha transparência e transcorra como em outros pleitos. A apuração ocorre no próprio domingo.

Os locais de votação estão disponíveis no site da secretaria.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Notícia:Igrejas e ONGs disputam vagas no Conselho Tutelar; veja onde votar

10/10/2011 - 07h30
Igrejas e ONGs disputam vagas no Conselho Tutelar; veja onde votar
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/987570-igrejas-e-ongs-disputam-vagas-no-conselho-tutelar-veja-onde-votar.shtml


AFONSO BENITES
DE SÃO PAULO

Uma eleição praticamente invisível, onde há quase cinco concorrentes por vaga e a influência de igrejas, partidos políticos e ONGs. Esse pleito está previsto para ocorrer no próximo domingo em toda a cidade de São Paulo (veja abaixo os locais de votação).

Na ocasião, serão eleitos os 220 conselheiros tutelares. Cada um dos 44 conselhos tem cinco membros. Para efeito de comparação, na última eleição para escolha dos 55 vereadores paulistanos, em 2008, a relação de candidato por vaga foi de 19,6. Foram 1.077 concorrentes.

A expectativa dos organizadores é que apenas 2% dos 8,4 milhões de eleitores participem do pleito. Isso representa cerca de 200 mil votantes, 50 mil a mais do que na última eleição de conselheiros, ocorrida há três anos.

Pesquisadores e promotores de Justiça que atuam na área da proteção da criança e do adolescente consultados pela Folha atribuem a baixa participação da população na disputa a três fatores: o voto é facultativo, há pouca divulgação e os cidadãos não sabem quais são as atribuições dos conselheiros tutelares.

Criado em 1990 pelo ECA (Estatuto da Criança e Adolescente), o Conselho Tutelar tem como função defender os direitos de quem tem menos de 18 anos de idade.

São eles que atendem as crianças e os adolescentes que tiveram seus direitos ameaçados ou violados. O conselho também é responsável por quem comete algum ato infracional. O eleito pode disputar apenas uma reeleição. O salário é de R$ 1.416.

Dos 1.012 concorrentes a uma vaga, ao menos 22 tem relação com igrejas, partidos e ONGs. São diretores de associações, militantes partidários, pastores, pais de santo e padres. Os concorrentes admitem a relação.
Com o apoio da associação posso conseguir ajudar as crianças, disse o músico, pintor e candidato a conselheiro no Campo Limpo (zona sul), Josenildo Barros.

Ele é vice-presidente de uma associação de moradores. Se eleito, ele quer ter influência política. Tenho ideias muito loucas para implantar na prefeitura.

A coordenadora do Centro Regional de Atenção aos Maus-Tratos na Infância, Lígia Caravieri, diz ser notória a participação de instituições. É normal a pessoa ter ambição política. Mas não pode usar o conselho para isso.

A promotora que investiga fraudes no pleito, Luciana Bergamo, diz que a lei não impede apoios. O que não pode é usar essas estruturas para cometer irregularidades.

CONSELHO TUTELAR

Veja abaixo os locais de votação:

Conselho Tutelar de Aricanduva
Conselho Tutelar da Bela Vista
Conselho Tutelar da Brasilândia
Conselho Tutelar do Butantã
Conselho Tutelar do Campo Limpo
Conselho Tutelar de Cangaiba
Conselho Tutelar de Capela do Socorro
Conselho Tutelar de Casa Verde/Cachoeirinha
Conselho Tutelar de Cidade Ademar
Conselho Tutelar de Cidade Tiradentes
Conselho Tutelar de Ermelino Matarazzo
Conselho Tutelar da Freguesia do Ó
Conselho Tutelar do Grajaú 1
Conselho Tutelar do Grajaú 2
Conselho Tutelar de Guaianases
Conselho Tutelar do Ipiranga
Conselho Tutelar do Itaim Paulista
Conselho Tutelar de Itaquera
Conselho Tutelar do Jabaquara
Conselho Tutelar do Jabaquara
Conselho Tutelar do Jardim São Luis
Conselho Tutelar do Jardim Helena
Conselho Tutelar de José Bonifácio
Conselho Tutelar do Lajeado
Conselho Tutelar da Lapa
Conselho Tutelar do M' Boi Mirim/Jardim Angela
Conselho Tutelar da Mooca
Conselho Tutelar de Parelheiros
Conselho Tutelar de Pedreira
Conselho Tutelar da Penha
Conselho Tutelar de Perus
Conselho Tutelar de Pinheiros
Conselho Tutelar de Pirituba
Conselho Tutelar de Rio Pequeno
Conselho Tutelar de Santana
Conselho Tutelar de Santo Amaro
Conselho Tutelar de São Miguel
Conselho Tutelar de Sapopemba
Conselho Tutelar da Sé
Conselho Tutelar de São Mateus
Conselho Tutelar de São Rafael
Conselho Tutelar da Vila Mariana
Conselho Tutelar de Vila Prudente
Conselho Tutelar da Vila Maria/ Vila Guilherme
Arte


sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Reunião - Forum Regional DCA Sé . 14/10

FORUM REGIONAL DO DIREITO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE- SÉ
www.forumregionaldcase.blogspot.com



Próxima reunião:


Data: 14/10

Horário: 9horas
Local: Rua Rodolfo Miranda 249 - proximo ao metrô Armenia (Pastoral do Menor)

quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Notícia: Debatedores defendem aprovação da lei que proíbe castigos corporais em crianças

05/10/2011 19:41

A chamada 'Lei da Palmada' foi discutida em audiência pública de comissão especial.Mais de 30 países no mundo já adotaram ou estão em vias de adotar uma lei que proíbe o castigo corporal contra crianças e adolescentes. Chamada de "Lei da Palmada", um projeto em análise na Câmara (PL 7672/10) busca, na verdade, corrigir um quadro apontado por profissionais de saúde e educadores que convivem com crianças vitimadas e por pesquisa da Secretaria de Direitos Humanos: 70% dos meninos de rua saíram de casa por causa da violência.

Em audiência pública da comissão especial que analisa a proibição do castigo corporal, a representante da Associação dos Centros de Defesa da Criança e do Adolescente, Perla Ribeiro, explicou que o Brasil já tem uma legislação que veda o castigo corporal para crianças e adolescentes.

O Estatuto da Criança e do Adolescente, a Constituição Federal e a Convenção Internacional dos Direitos da Criança já preveem o dever de proteção contra a violência física e psicológica. Porém, Perla Ribeiro explicou que não há nada que explicite o que é castigo corporal. Ela observou que o Código Civil permite 'castigos moderados', mas não há qualquer parâmetro para saber o que seria isso.

Conscientização da sociedade
Além de destacar a importância de proibir o castigo corporal de qualquer forma, Perla Ribeiro destacou o papel da nova lei de conscientizar a sociedade e mudar a cultura de educar pela dor. Ela questionou por que a sociedade não aceita mais a violência contra nenhum grupo social, mas aceita a violência contra crianças cometida dentro de casa. Perla afirmou que a lei não tem a pretensão de invadir a autoridade das famílias ou o poder dos pais de educar seus filhos, mas sim de propor o fim do que hoje já seria uma aberração.

"Ela não traz um caráter meramente punitivo. Até porque para isso nós já temos previsões legais”, ressaltou Perla. “Mas ela traz uma concepção de conscientização. Ela é uma legislação que traz mesmo uma mudança de cultura de paradigma para o Brasil."

Políticas públicas
A relatora da proposta, deputada Teresa Surita (PMDB-RR), reforça que a intenção não é entrar na vida das famílias, mas propor uma política de conscientização do problema e também para a elaboração de políticas públicas que possam atender adequadamente as vítimas da violência.

"Nós temos milhares de crianças que chegam em pronto-socorro, que chegam em hospitais, que foram agredidas dentro de casa, que foram agredidas por um adulto e que não têm o acompanhamento desse atendimento e como tratar essa situação", destaca a parlamentar.

A presidente da comissão especial, deputada Erika Kokay (PT-DF), adverte que é preciso não minimizar a gravidade da simples palmada. Ela afirmou que o princípio é de que educação é convencimento, e a palmada segue o princípio de educar pela dor.

A Comissão vai realizar audiência pública dia 14, na Câmara Municipal do Rio de Janeiro, e dia 18, com especialistas, na Câmara dos Deputados. O prazo final para a apresentação do parecer é dia 29 de novembro.

Reportagem – Vania Alves/Rádio Câmara
Edição – Newton Araújo

http://www2.camara.gov.br/agencia/noticias/DIREITOS-HUMANOS/203627-DEBATEDORES-DEFENDEM-APROVACAO-DA-LEI-QUE-PROIBE-CASTIGOS-CORPORAIS-EM-CRIANCAS.html

Rasgando o ECA1 - Notícia:Desembargador: Juízes na cracolândia não vão internar "na marra"

Desembargador: Juízes na cracolândia não vão internar "na marra"

Fotografia/Terra
Jovens fumam em rua da chamada cracolândia, no centro de São Paulo
Jovens fumam em rua da chamada cracolândia, no centro de São Paulo

Dayanne Sousa

Os juízes do Tribunal de Justiça de São Paulo vão acompanhar as internações de menores da cracolândia paulistana. Atualmente, a estratégia de combate ao crack conta com assistentes sociais que buscam convencer jovens que precisam de tratamento. Com o envolvimento do TJ, poderá haver internações compulsórias, mas o coordenador do projeto, o desembargador Antonio Carlos Malheiros, afirma que a ação não será feita "na marra".

- Não confio numa internação genérica e na marra. (Do tipo que) passa pelas ruas e manda recolher todo mundo - diz. (...) A internação compulsória é o fim da fila, só vai acontecer em casos excepcionais.

O projeto se contrapõe à proposta do Rio de Janeiro que entrou em vigor em junho. Crianças e adolescentes que viviam nas ruas passaram a ser recolhidos contra a vontade. Malheiros critica a ideia e avalia que não há solução rápida para o problema.

- No Rio foi rapidíssimo. Se você andar pelas ruas da antiga cracolândia carioca, você não vai ver mais ninguém. Mas verifique onde estão essas pessoas retiradas compulsoriamente. Estão em lugares, a meu ver, inadequados. Ou seja, depois de algum tempo elas voltarão para uma nova cracolândia.

O desembargador, chefe da Coordenadoria da Infância e da Juventude do TJ, diz que a proposta é implantar o posto de atuação dos juízes o quanto antes, ainda em outubro. Além dos 15 juízes da Coordenadoria, promotores e defensores públicos - todos voluntários - se revezarão no espaço. Antes de decidir por uma internação, os magistrados deverão considerar a situação da família da criança e checar a possibilidade de ela ser tratada em casa, afirma Malheiros em entrevista a Terra Magazine.

Leia a íntegra.

Terra Magazine - Qual a diferença desse projeto para a internação compulsória que é feita no Rio de Janeiro?
Antonio Carlos Malheiros - Nós não somos adeptos de uma internação compulsória generalizada. Ela tem que ser vista no caso a caso e como última alternativa. A primeira alternativa é manter contato com as crianças e adolescentes, verificarmos quem são eles, onde moram e há quanto tempo estão nas ruas. Verificarmos se as famílias estão dispostas a trabalhar junto conosco na recuperação. A internação compulsória é o fim da fila. Pode acontecer em casos excepcionais, com parecer de psiquiatra ao nosso lado. Somente se a situação de risco for muito grande.

É um processo mais longo, não? Porque para haver esse contato com a família a internação não pode ser imediata.
Eu posso estar completamente enganado, mas não confio numa internação genérica e na marra. Passa pelas ruas e manda recolher todo mundo. Eu confio mais numa tentativa de convencimento. No Rio foi rapidíssimo. Se você andar pelas ruas da antiga cracolândia carioca, você não vai ver mais ninguém. Mas verifique onde estão essas pessoas retiradas compulsoriamente. Estão em lugares, a meu ver, inadequados. Ou seja, depois de algum tempo elas voltarão para uma nova cracolândia.

E as condições desses centros de internação em São Paulo? São adequadas?
Estamos trabalhando com a Prefeitura, que vai nos fornecer locais para essas internações. As vagas não são muitas, mas a Prefeitura com certeza vai nos fornecer espaços. E vou querer saber também se esse lugar é bem estruturado. São poucos, são razoavelmente adequados. O Estado e a Prefeitura vão ter que se aprimorar.

O senhor vai participar diretamente? O que espera encontrar?
Se fosse possível, me mudaria agora pra lá. Mas vou reservar um momento a cada dia. Vai ser uma coisa tremendamente difícil. O contato com crianças e adolescentes da cracolândia é extremamente difícil. Eles têm medo, o crack provoca paranoia. Vamos nos valer da prática de uma montanha de pessoas de ONGs e igrejas que já estão prestando um trabalho muito bom.

Já existe um trabalho intenso de assistentes sociais e ficou provada a dificuldade de convencimento. O senhor acha que com a presença de figuras da Justiça isso seria diferente?
É a mesma coisa que colocar um esparadrapo num pé gangrenado. Mas quem sabe o pé não está tão ruim assim. Se der para salvar uma pessoa, vou me sentir salvando a humanidade inteira. A presença da Justiça é uma novidade, faz diferença. Se os juízes não caminharem com as pessoas e não sentirem o gosto da lágrima das pessoas, grande parte do trabalho deles vai se perder.


http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI5391653-EI6578,00-Desembargador+Juizes+na+cracolandia+nao+vao+internar+na+marra.html

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Noticia: Município de São Paulo promete atender apenas 12% da demanda de creches


A ampliação das vagas em creches na cidade de São Paulo deverá dar conta de apenas 12% do total de crianças que estão fora dessa etapa do ensino, de acordo com o secretário da Educação, Alexandre Schneider. As novas escolas de educação infantil, que deverão estar prontas em 2012, devem atender 18 mil crianças, sendo que o déficit do município é 147 mil vagas.

Schneider participou, na sexta-feira, do Festival Bairro-Escola, em São Paulo (SP).

Em entrevista exclusiva ao Portal Aprendiz, Schneider justificou que a dificuldade de encontrar novos terrenos é um dos problemas que impedem a Secretaria Municipal de Educação de atender 100% das crianças.

O secretário falou, ainda, sobre o novo indicador de qualidade de ensino da capital paulista, que será atrelado ao bônus do professor, além do Plano Municipal de Educação. Schneider espera que o documento seja votado até o final deste ano.

Portal Aprendiz – Faltam 147 mil vagas em creches para matricular 100% das crianças na faixa etária para essa etapa da educação. O que impede a prefeitura de cumprir esta demanda?

Alexandre Schneider – Acho importante recuperar o histórico. Mais que dobramos o número de vagas nas creches. O orçamento para educação infantil saiu de R$ 170 milhões para R$ 1 bilhão. O nosso problema para construir é achar novos terrenos. Temos aumentado convênios e construído também.

Vamos lançar um plano de obras nesta semana, com obras já licitadas. São contratos assinados para 140 novas unidades de educação infantil (creches e pré-escolas). O grande problema é poder construir onde as pessoas já moram, questões da própria legislação do município, que não podemos desrespeitar.

Aprendiz – E quantas crianças essas 140 novas unidades vão atender?

Schneider – O nosso modelo de creche é para 200 alunos e de pré-escola para aproximadamente 500 crianças por unidade. Na creche, serão abertas em torno de 18 mil vagas.

Aprendiz – E quando elas ficarão prontas?

"Assinamos contratos para a construção de 140 novas unidades de educação infantil."

Schneider – Ano que vem.

Aprendiz – Mas a meta da prefeitura no Programa de Metas da Cidade de São Paulo era matricular 100% das crianças até 2012?

Schneider – Existe uma confusão a respeito desse dado. O compromisso do prefeito foi feito com base naquela demanda, de dezembro de 2008, cujo total de crianças fora das creches era 58 mil.

Não podemos saber como a demanda vai se comportar. Existem cerca de 600 mil crianças nessa faixa etária em São Paulo. Nem todas elas os pais decidem colocar em creches, sejam privadas ou públicas. Teoricamente, então, a demanda de hoje poderia ser muito maior.

Aprendiz – Então, a secretaria considera que a meta de matricular 100% das crianças nas creches já foi cumprida?

Schneider – Teria que checar os números direito, mas o importante é que, enquanto houver uma criança fora, temos que buscar uma vaga para ela. A Secretaria de Educação praticamente já cumpriu aquela meta dos 58 mil. É difícil estabelecer uma meta sem ter um número exato.

Aprendiz – O que pode ser dito sobre a pré-escola?

Schneider – Provavelmente vamos conseguir universalizar o acesso à pré-escola com quatro anos de antecedência. O prazo do Ministério da Educação (MEC) é 2016 e vamos fazer até 2012.

Aprendiz – O Indique, novo indicador criado pela sua equipe para medir a qualidade do ensino da cidade, vai ser implantado com um bônus para os professores. No estado de São Paulo e em Nova York, a bonificação não se mostrou eficaz para aumentar o desempenho dos estudantes. Por que a prefeitura vai adotá-la?

Schneider – A prefeitura adotou políticas muito diferentes daquelas do estado de São Paulo e de Nova York. Temos uma rede muito particular que não pode ser comparada com a nossa. Qual foi a nossa aposta? Aumentar os salários dos professores o máximo possível.

O bônus existe desde 2001, só que não havia regras. Ele não é nossa política principal, mas como já existe uma lei que institui o bônus para o professor, precisamos procurar um indicador para medir isso.

Aprendiz – Como será a avaliação do professor para medir?

Schneider – Uma parte vai se dar pela questão da assiduidade, quem vai e quem não vai, mas não só. Essa é uma política que pode ser adotada para reconhecer os profissionais, mas melhorar a educação depende de uma série de outras coisas. Se há um bônus, ele precisa de regras.

Aprendiz – Sobre o Plano Municipal de Educação, em que etapa ele se encontra atualmente?

Schneider – Espero que seja votado até o final do ano. Devemos enviar nas próximas semanas para a Câmara Municipal, mas ele já está concluído. O ideal é ser votado esse ano para já começar a valer o ano que vem.

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* As repórteres Desirèe Luíse e Raiana Ribeiro foram as responsáveis pela entrevista.


http://portal.aprendiz.uol.com.br/2011/10/04/municipio-de-sao-paulo-promete-atender-apenas-12-da-demanda-de-creches/