sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Duas meninas são baleadas por policial militar em São Paulo


Edição do dia 28/09/2012
28/09/2012 13h58 - Atualizado em 28/09/2012 14h37

Duas meninas são baleadas por policial militar em São Paulo

As garotas, de 11 e 14 anos, foram atingidas durante uma operação padrão da polícia. Uma foi baleada no olho e a outra no nariz.

José Roberto Burnier São Paulo
Duas garotas, de 11 e 14 anos, foram baleadas por um policial militar na zona sul de São Paulo. Uma foi atingida no olho e a outra no nariz. Elas estavam com mais duas amiguinhas em frente a uma loja.
Os policiais militares abordaram as meninas e colocaram todas encostadas na parede. Quando a menina de 11 anos abriu a porta para comprar detergente para a mãe, um dos policiais abriu fogo. “Eu falei assim: 'moço, eu acabei de sair'. Ele falou: 'passa pra cá você então'. Quando eu ia dar o primeiro passo, veio outro [policial] da viela e atirou na gente”, disse a menina.
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Além dessa menina, que levou um tiro no olho, a de 14 anos foi atingida de raspão no nariz. A mãe de umas delas conta o que viu: “Eu não acreditei na cena que vi. As meninas baleadas, o policial com arma em punho para mim, como se eu fosse uma bandida. Eu coloquei as mãos para cima, assustada, com medo de ser baleada também”.
As meninas contam que foram levadas para o hospital no carro da polícia, sem os pais. “Dentro da viatura eu falava: ‘cadê a minha mãe? Eu quero a minha mãe. Por que vocês machucaram a gente? A gente não fez nada. A gente é inocente’. O moço falou assim: ‘cala a boca. Isso foi só um tirinho de raspão. Isso daí já está resolvido. Foi borracha, isso é borracha. Não vai acontecer nada com vocês. A gente só vai para o hospital para confirmar que está tudo certo’”, relata a vítima.
A Polícia Militar não quis gravar entrevista, mas emitiu uma nota em que lamenta o corrido e diz que os policiais estavam atrás de dois suspeitos em uma moto e que atiraram na direção deles. Segundo a nota, as crianças foram feridas por estilhaços.
Aos olhos do consultor de segurança da TV Globo, Diógenes Lucca, a conclusão é outra. “A ação foi inadequada e imprópria. Antes de um policial fazer um disparo tem que ter muita certeza daquilo que vai atingir como resultado. Tem que identificar, decidir, agir com precisão e levar em consideração os riscos de atingir pessoas inocentes", afirma.
“Ele abaixou pra atirar. Ele abaixou, virou e acertou em mim que eu vi. No ano passado, a gente teve um programa chamado Proerd, que ensinava a gente sobre esses negócios de armas. Mas eles ensinavam que a polícia protegia a gente. Eu nunca ia imaginar que a polícia ia me dar um tiro”, fala uma das meninas.

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