0/08/2012
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05h00
Creches são desafio para candidatos em SP
DE SÃO PAULO
As principais propostas dos candidatos à Prefeitura de São Paulo para
solucionar o problema da falta de vagas em creches apresentam falhas e
sofrem críticas de especialistas em educação. Segundo a prefeitura, há
145 mil crianças na fila por uma vaga no município.
A maioria dos candidatos inclui em suas propostas o uso de convênios com
a rede particular, instituições filantrópicas, faculdades e outras
instituições até que sejam construídas novas unidades.
Soninha (PPS) propõe também criar a bolsa creche --dinheiro para as famílias pagarem escolas particulares.
Mas especialistas criticam o mecanismo. Gabriel Chalita (PMDB) chegou a ser vaiado em evento após fazer a proposta de convênios.
"Em geral, o serviço é de pior qualidade", diz Romualdo Portela, da Faculdade de Educação da USP.
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Editoria de Arte/Editoria de Arte |
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Os candidatos prometem fiscalização para evitar queda na qualidade do serviço.
José Serra (PSDB) pretende seguir a política de seu aliado, o prefeito
Gilberto Kassab (PSD), e criar vagas por meio de convênios e uso de
recursos estaduais.
Kassab, porém, não conseguiu zerar o déficit de vagas, uma de suas principais promessas ao se eleger.
A campanha tucana e a Secretaria Municipal de Educação argumentam que,
desde 2005, o número de vagas mais que triplicou, mas a demanda cresceu
em ritmo superior.
Celso Russomanno (PRB) promete zerar o déficit fazendo andares
superiores nas creches, com acesso por rampas para não pôr a segurança
das crianças em risco.
Mas isso aumenta a oferta de vagas onde já existem creches e deixa
alguns locais descobertos, diz o professor de economia da FGV Aloisio
Araujo, especialista em educação infantil.
Além disso, a secretaria calcula que as unidades passíveis de verticalização não são suficientes para acabar com as filas.
Russomanno diz que, para solucionar o problema, também vai construir unidades.
Educadores apontam ainda atraso nas obras do ProInfância --programa
federal que Fernando Haddad (PT) deve usar para construir escolas-- em
cidades em que ele foi implementado.
Procurado, o Ministério da Educação não forneceu dados da execução do
programa. A campanha petista diz que a execução das obras é
responsabilidade das prefeituras.
Paulinho da Força (PDT) propõe fazer com que as unidades funcionem 24
horas, para pais que trabalham à noite, mas nem ele sabe qual é a
demanda pelo serviço e se há estrutura para isso --mesmos problemas
apontados por especialistas.
LUIZA BANDEIRA, RODRIGO VIZEU, PAULO GAMA e DIÓGENES CAMPANHA.